Transtorno mental comum na população idosa: pesquisa de base populacional no Município de Campinas, São Paulo, Brasil
Borim, F. S. A.,
Barros, M. B. A., & Botega, N. J. (2013). Transtorno mental comum na
população idosa: pesquisa de base populacional no Município de Campinas, São
Paulo, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 29(7),
1415-1426. doi: 10.1590/S0102-311X2013000700015
Resenhado
por Millena Bahiano
O
número de idosos no Brasil tem aumentado nos últimos anos e associado ao
processo de envelhecimento da população percebe-se também o aumento dos agravos
concernentes à saúde física e mental do idoso, principalmente, entre aqueles que
se encontram em condição de vulnerabilidade social. A partir do momento que se
envelhece os problemas de saúde tendem a aumentar e o risco ao acometimento de transtornos
ansiosos e depressivos, doenças crônicas, declínio cognitivo, quedas e
isolamento social podem ocorrer mais facilmente.
Os
transtornos mentais comuns se referem ao conjunto de sintomas psiquiátricos não
psicóticos caracterizados por sintomas e queixas somáticas como irritabilidade,
fadiga, insônia, dificuldade de concentração, esquecimento, ansiedade e
nervosismo Em geral, os usuários dos serviços de atenção básica à saúde apresentam
uma alta incidência de transtornos mentais comuns e geralmente esses sintomas
são pouco compreendidos e identificados, o que compromete o diagnóstico e
tratamento precoce da desordem mental. Apesar da alta prevalência, tais
transtornos têm sido pouco estudados na população idosa.
O
presente estudo buscou identificar a prevalência do transtorno mental comum e os
fatores associados na população idosa, bem como compreender o impacto da
perturbação mental comum no estado geral de saúde dos idosos, a fim de que haja
uma melhor compreensão dos profissionais de saúde e orientação no planejamento
de intervenções. A amostragem da pesquisa foi por conglomerados e realizada em
dois estágios, e ao fim do processo foram analisados 1.432 idosos com idade
média de 69,9 anos, sendo 57,2% do sexo feminino. Para a coleta dos dados foram
utilizados questionários demográficos, socioeconômicos e de comportamentos
relacionados à saúde e morbidades, além do instrumento Self Reporting
Questionnaire 20 (SRQ-20) para a investigação do transtorno mental comum.
Dentre
os principais resultados encontrados verificou-se uma maior prevalência de
transtorno mental comum nas mulheres, donas de casa, desempregados e nas
pessoas com idade igual ou superior a 80 anos e com renda inferior a 0,5
salário mínimo. Também se associou positivamente ao transtorno mental comum a
presença de morbidades e os idosos ativos ou insuficientemente ativos
apresentaram menor prevalência a esse tipo de sofrimento mental. Na análise do
SRQ-20, viu-se que sentir-se inútil, cansado, chorar em demasia, perder o
interesse pelas coisas e ter pensamentos de morte estiveram significativamente
associados ao transtorno mental comum na população idosa.
Para
a Psicologia da Saúde se faz importante o conhecimento destas variáveis para que,
cada vez mais, os transtornos mentais comuns possam ser identificados
precocemente e estratégias de prevenção e promoção à saúde mental do idoso
sejam elaboradas de maneira assertiva pelos profissionais da saúde.
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