Religiosidade e estilo de vida de hipertensos da Estratégia de Saúde da Família
Lago, R. C., Abdala, G. A., & Meira, M. D.
D. (2017). Religiosidade e estilo de vida de hipertensos da Estratégia de
Saúde da Família. Rev. enferm. UFPE online, 11(supl.
6), 2604-2611.
Resenhado por Maísa Carvalho
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é
uma patologia crônica caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea
nas artérias. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde (2017), estima-se que 1
a cada 4 indivíduos, em sua maioria mulheres, idosas e com baixos níveis de
escolaridade, são diagnosticados com a HAS. É cientificamente comprovado que o
aumento da idade eleva as chances de se adquirir pressão alta. Entretanto,
estilos de vida mais saudáveis que incluam alimentação regrada e prática
regular de atividade física, por exemplo, servem como forma de prevenção e se
constituem como a base para o tratamento da hipertensão, principalmente se
aliados à práticas religiosas, comumente associadas a melhores índices de saúde.
O presente estudo se propôs a descrever
o perfil da religiosidade e estilo de vida de hipertensos em uma unidade de
Estratégia de Saúde da Família localizada na zona sul de São Paulo/SP.
Participaram 70 indivíduos, de maioria do sexo feminino, com média de 55 anos
de idade (DP = 12,4), de cor parda (n = 41) e com baixa escolaridade, tendo
72,9% (n = 51) realizado apenas até 8
anos de estudo. Ademais, 61,4% (n =
43) realizam acompanhamento médico regular e fazem uso de medicação específica.
Os instrumentos utilizados foram o
Índice de Religiosidade de Duke (DUREL) e o Questionário de Estilo de Vida
Fantástico (QEVF). O DUREL abarca, através de 5 itens, as dimensões de
Religiosidade Organizacional (RO), Religiosidade Não-organizacional (RNO) e
Religiosidade Intrínseca (RI). Quanto ao QEVF, este mensura o estilo de vida com
base em 9 dimensões: família e amigos, atividade física, nutrição, cigarro e
drogas, álcool, sono, cinto de segurança, estresse e sexo seguro, introspecção
e trabalho. Quanto menor for o escore gerado pela soma dessas dimensões, maior
a necessidade de mudança.
Os resultados da DUREL apontaram que a
população estudada apresentou altas frequências percentuais para a
religiosidade em todas as dimensões. Na RO, 27,1% (n = 19) dos participantes vão à igreja ou outras instituições
religiosas mais de uma vez por semana, na RNO, 40% (n = 28) afirmaram que realizam atividades religiosas individuais
diariamente e, por fim, quanto a RI, 91,4% (n
= 64) sentem a presença de Deus ou do Espírito Santo em suas vidas (RI1), 77,1%
(n = 54) afirmaram que suas crenças
religiosas estão por trás de todas as suas maneiras de viver (RI2) e 68,6% (n = 48) declararam que se esforçavam
totalmente para viver a religião em todos os aspectos da vida. Quanto à
classificação geral do estilo de vida “Fantástico”, o estilo dos hipertensos se
apresentou como “bom” (48%, n =
33,6), representando que o estilo de vida proporciona benefícios para a saúde.
Nesta amostra, os indivíduos afirmaram não
exercer comportamentos insalubres como, por exemplo, usar cigarro e drogas (M = 14,05; DP = 1,61) e álcool (M =
11,64; DP = 1,22). Para
comportamentos salubres, a prática de atividade física (M = 4,09; DP = 2,38) foi
a dimensão que apresentou maior alteração, evidenciando que essa amostra se
exercita muito pouco.
Diante do exposto foi possível
evidenciar que comportamentos saudáveis e a religiosidade se apresentam como
fatores que, especialmente juntos, resultam em maiores níveis de saúde geral,
bem como auxiliam no ajustamento e manutenção de doenças já instaladas - a
exemplo da hipertensão. Sendo assim, a Psicologia da Saúde pode auxiliar tanto
em termos de pesquisa, visto que são temas associados a questões de saúde
pública, como em termos de ser um promotor de ações de prevenção, promoção e
ajustamento à enfermidade.
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