Depressão em Idosos Institucionalizados no distrito de Bragança
Vaz, S. F. A., & Gaspar,
N. M. S. (2011). Depressão em idosos institucionalizados no distrito de
Bragança. Revista de Enfermagem Referência, (4), 49-58.
Resenhado por Maria Clara
Devido
ao fenômeno de envelhecimento da população em geral, a depressão na velhice tem
sido uma temática bastante discutida por ser comumente detectada neste grupo.
No entanto, ao contrário do que se pensa o senso comum, a depressão não faz
parte do processo natural de envelhecimento. Na população idosa
institucionalizada, a prevalência de depressão gira em torno de 48% e apesar
disso, é sub-diagnosticada e sub-tratada. Algumas disposições psicossociais se
configuram enquanto fatores de risco para a depressão, como luto, isolamento
socioafetivo, falta de confidente, dificuldade em realizar as tarefas de vida
diária, entre outras. Estar institucionalizado também tem sido apontado como
fator de risco para o desenvolvimento da depressão.
Apesar
disso, a institucionalização provoca debate controverso na literatura. Extensa
parte das investigações se ocupam em avaliar apenas a vida do idoso
pós-admissão, ignorando seu histórico anterior, empregando um caráter de
sistema fechado às instituições. Enquanto outros autores afirmam que as
instituições não devem ser culpadas pelos problemas econômicos estruturais,
pois alguns idosos encaram de maneira positiva a nova condição. Experiências de
solidão, dificuldades em realizar atividades de vida diária, dificuldades
cognitivas e falta de atividades de lazer também estão associados a presença de
sintomatologia depressiva
Este
estudo avaliou a presença de fatores de risco para depressão em 186 idosos
institucionalizados em Bragança, com média de idade de 80,96 e 61% do sexo
feminino. Os resultados indicaram que nível cognitivo, menor adaptação, menor participação
em atividades de lazer, e maior dependência nas atividades de vida diária
tiveram correlação negativa significativa com depressão. Maior solidão se
correlacionou positivamente com a depressão, sendo o índice que melhor prediz sua
presença. Também foi encontrado que o sexo feminino obteve maior pontuação nos
níveis de depressão.
Os
achados revelam a institucionalização induz o estresse, agudizando os níveis de
depressão devido ao isolamento social, distanciamento dos parentes e solidão. O
desfecho mais grave para depressão na velhice é a mortalidade, e por ser
sub-diagnosticada acaba passando despercebida dos olhares dos profissionais.
Diante do exposto, faz-se necessária a presença de um psicólogo nas equipes de
cuidado dos idosos institucionalizados, afim de contribuir no conhecimento
acerca dos sintomas e impactos da depressão, auxiliando na melhoria das
práticas dos profissionais. Promovendo assim, estratégias de cuidado que
reduzam o isolamento social, a solidão e engajem os idosos em atividade de
lazer, produzindo assim uma melhor qualidade de vida.
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