Envelhecimento saudável e autoeficácia do idoso: Revisão sistemática

Martinez, L. C. D. F., Magalhães, C. M. C., & Pedroso, J. D. S. (2018). Envelhecimento saudável e autoeficácia do idoso: Revisão Sistemática. Revista de Psicologia da IMED, 10(2), 103-118.

Resenhado por Luanna Silva

Formulado por Bandura ao propor a Teoria Social Cognitiva, o termo autoeficácia se refere a crença sobre a capacidade pessoal em executar determinadas ações. O autor afirma que as pessoas que apresentam elevada autoeficácia tendem a ser mais confiantes em suas próprias habilidades e a perceber os problemas não como uma ameaça, mas como um desafio a superar.  Por ser considerada um fator protetivo, esse construto é frequentemente utilizado na discussão do envelhecimento saudável.
Esse estudo realizou uma revisão da literatura dos últimos 10 anos, nas bases de dados PubMed, Medline Complete e PsycInfo (APA), procurando identificar pesquisas referentes ao envelhecimento e autoeficácia do idoso, assim como os principais instrumentos utilizados nessas investigações. Os autores utilizaram os seguintes descritores: self-efficay AND elderly AND gerentology. Quinze estudos foram qualificados para a revisão.
Os trabalhos sugerem que os efeitos negativos de saúde, característicos ao envelhecimento, influenciam de modo negativo os resultados de autoeficácia, indicando ainda a redução da Autoeficácia Intelectual em função da passagem do tempo. Destacam que a autoeficácia percebida pode sofrer prejuízos em função de características sociais, como estereótipos negativos relacionados à idade. Nesse sentido, os autores apontam como sendo relevante as características dos grupos em que os idosos estão inseridos, pois quando cercados por pessoas que desacreditam suas habilidades em dominar uma ação, a percepção de autoeficácia do idoso poderá ser comprometida.
Foi encontrada relação entre autoeficácia percebida e condições de saúde e bem-estar. A baixa autoeficácia geral percebida está associada à depressão, enquanto que alta autoeficácia geral percebida à felicidade e bem-estar. Ficou demonstrada relação positiva entre religiosidade e autoeficácia geral, visto que um alto nível de espiritualidade levou a um maior nível de autoeficácia. Além disso, idosos não institucionalizados apresentaram melhores índices de autoeficácia percebida quando comparados a idosos residentes em instituições de longa permanência. Todos os artigos analisados empregaram escalas em seus estudos, contudo percebeu-se uma grande variação na escolha do instrumento usado para avaliar a autoeficácia. Os autores ressaltam a necessidade da criação de medidas que considerem as particularidades próprias do envelhecimento e frisam que dos quinze artigos selecionados, apenas um utilizou instrumento específico para o público idoso.
Considerando que a autoeficácia pode ser descrita como um facilitador importante, mediando os eventos estressores característicos do envelhecimento; é necessário discutir intervenções que promovam o desenvolvimento de crenças adaptativas de autoeficácia em idosos. Os estudos apontaram que a participação em redes sociais e grupos comunitários, intervenção de inserção tecnológica e atividades de aprendizagem contribuem para o aumento dos índices de autoeficácia nessa população. Estratégias dessa natureza possibilitam que pessoas idosas adquiram novas habilidades de enfrentamento e promovem um envelhecimento bem-sucedido. Portanto, pesquisas sobre autoeficácia em idosos se mostram relevantes uma vez que se tornam importantes recursos na construção de políticas públicas de saúde.
         Apesar das perdas e declínios impostos pelo envelhecimento, essa fase do desenvolvimento também pode proporcionar reorganizações e reais aquisições de novas aptidões. A Psicologia da Saúde pode contribuir para esse processo, favorecendo o envelhecimento saudável através da busca de estratégias para a promoção da saúde e a atenção às especificidades dos idosos.

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