Prevalência de transtornos ansiosos e algumas comorbidades em idosos: Um estudo de base populacional
Machado, M. B., Ignácio, Z. M.,
Jornada, L. K., Reús, G. Z., Abelaira, H. M., Arent, C. O., . . ., Quevedo, J.
(2016). Prevalência de transtornos ansiosos e algumas comorbidades em idosos:
Um estudo de base populacional. Jornal
Brasileiro de Psiquiatria, 65, 28-35.
doi: 10.1590/0047-2085000000100
Resenhado por Brenda
Fernanda
Atualmente,
os transtornos de ansiedade (TA) figuram como os mais prevalentes entre a
população em geral. No que concerne ao gênero, os TA têm sido mais comuns nas
mulheres do que nos homens. Quanto ao acometimento ao longo da vida, observa-se
que a maioria desses transtornos tem sido presente no início da vida adulta. No
entanto, os transtornos ansiosos também têm apresentado prevalência
significativa entre os idosos, sendo igualmente mais comum em mulheres e
ocorrendo em indivíduos com menor grau de escolaridade e comorbidade com
doenças físicas. Os TA afetam consideravelmente a qualidade de vida dos
indivíduos acometidos e, nos idosos, têm estado associados também à perda de
autonomia e aumento de dependência. Considerando a tendência ao aumento do
número de idosos no Brasil, em função da diminuição de mortalidade, destaca-se
a necessidade de mais estudos ligados ao rastreio e identificação de
transtornos ansiosos. Nesse sentido, o principal objetivo deste estudo foi
avaliar a prevalência de transtornos ansiosos e fatores associados em uma população
de idosos do Sul de Santa Catarina, Brasil.
Para
tanto, foi realizado um estudo transversal, com amostragem por conveniência,
sendo avaliados 1.021 idosos, com idades entre 60 e 79 anos, provenientes da
população geral, abrangendo as diferentes regiões do município (amostra não
clínica). Os diagnósticos psiquiátricos foram obtidos utilizando-se entrevista
estruturada na versão em português do Mini
International Neuropsychiatric Interview (MINI). A partir desse
instrumento, foram avaliados: transtorno de ansiedade generalizada (TAG), fobia
social (FS), transtorno do pânico (TP) e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).
Também foram coletados dados sociodemográficos e clínicos a respeito dos
participantes.
Dentre
os resultados apresentados, o TAG foi o transtorno mais encontrado na
população, com prevalência de 22%. Em segundo lugar, foi classificada a FS
(14,8%), seguida por TP (10,4%) e TOC (8,5%). Da amostra total, 413 indivíduos
(40,5%) apresentaram pelo menos um dos quatro transtornos de ansiedade. No que
diz respeito à comorbidade entre os transtornos, dos 413 pacientes que
preencheram critérios para um diagnóstico, 122 (29,5%) possuíam pelo menos mais
de um transtorno de ansiedade. Ao associar variáveis sociodemográficas e
clínicas aos transtornos, observou-se que o TOC foi mais frequente em
indivíduos casados ou em união estável (p
= 0,001), sendo duas vezes mais comum nestes em relação aos indivíduos que não
tinham companheiro. O TAG foi mais prevalente entre os indivíduos de menor escolaridade,
cerca de 1,5 vez em relação à maior escolaridade (p = 0,004). Em relação às variáveis clínicas, a hipertensão
arterial sistêmica (HAS) foi significativamente associada à presença de TOC com
razão de prevalência próxima a 2 (p =
0,001).
Observam-se
resultados significativos quanto à presença de TA em idosos, fazendo-se
necessárias intervenções não apenas para tratamento, mas também prevenção e
promoção de saúde. Essas ações devem partir tanto dos profissionais de
psicologia quanto de saúde em geral, visando ao envelhecimento saudável e
melhor qualidade de vida da referida população.
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