Transtornos ansiosos e depressivos em pacientes idosos com tontura crônica de origem vestibular

Peluso, E. T. P., Quintana, M. I., & Ganança, F. F. (2016). Transtornos ansiosos e depressivos em pacientes idosos com tontura crônica de origem vestibular. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, 82(2), 209-214.

Resenhado por Gabriela de Queiroz

Considerada o principal sintoma das doenças vestibulares, a tontura pode ser provocada por inúmeros fatores. Por ser mais comum entre idosos, seu aparecimento ou aumento da gravidade pode estar relacionado, por exemplo, ao envelhecimento de sistemas responsáveis pelo equilíbrio corporal, bem como a existência de doenças crônicas associadas ao uso contínuo de medicamentos. Diante deste quadro, é importante destacar que a tontura pode aparecer de forma intensa, causando perda de equilíbrio e quedas, e geralmente, se apresenta combinada à sintomas auditivos e neurovegetativos. Além disso, em muitos casos, a tontura é acompanhada por intenso sofrimento emocional e sintomas depressivos e ansiosos. Essa combinação de sintomas físicos e psicoemocionais tende a restringir as atividades sociais e físicas dos pacientes, que desta forma, apresentam mais chances de permanecer sintomáticos.
Devido à carência de pesquisas que abordaram a associação da tontura de origem vestibular e transtornos mentais em idosos, o presente estudo objetivou avaliar a prevalência de transtornos de ansiedade e depressão em pacientes idosos com tontura crônica de origem vestibular.  Realizou-se um estudo de corte transversal, no período de setembro de 2012 a setembro de 2013, em que foram avaliados 44 pacientes com idades entre 60 e 90 anos, que apresentavam queixa de tontura há pelo menos três meses e com diagnóstico de vestibulopatia confirmado por meio de avaliação clínica. Para avaliar os transtornos depressivos e ansiosos utilizou-se o Composite International Diagnostic Interview, versão 2.1 (CIDI 2.1) e as demais variáveis foram verificadas por meio de questionário sociodemográfico e clínico.
Nos resultados, verificou-se que 88,6% dos pacientes eram do sexo feminino, 40,9% da amostra era casada, e apenas um paciente exercia trabalho remunerado, ao passo os demais já estavam aposentados. Quanto aos dados relacionados aos transtornos mentais, foram identificados, nos últimos 12 meses, quadros de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) em 18,2% (n = 8) dos pacientes, fobias específicas em 15,9% (n = 7) da amostra e depressão em 11,4% (n = 5) dos idosos. Não houve ocorrência de pacientes com agorafobia, fobia social e transtorno do pânico.
É possível considerar que além da tontura, o estudo identificou outros fatores de risco para justificar a ocorrência de tais transtornos na população idosa, como por exemplo, a maioria de sexo feminino e a aposentadoria. Ainda assim, o estudo aponta para a existência de comorbidade entre doenças vestibulares e transtornos mentais, destacando a necessidade de uma abordagem interdisciplinar para estes pacientes. A abordagem da psicologia nestes casos seria essencial para aliviar o sofrimento emocional causado pela doença, além de auxiliar o idoso a retomar suas atividades, o que contribuiria na diminuição ou alivio dos sintomas e, principalmente, na melhoria da qualidade de vida.



Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.