As dimensões do modelo de cinco fatores da personalidade (Big five)


Soto, C. J. (2018). Big five personality traits. In M. H. Bornstein, M. E. Arterberry, K. L. Fingerman, & J. E. Lansford (Eds.), The SAGE Encyclopedia of Lifespan Human Development (pp. 240-241). Thousand Oaks, CA: Sage.

Resenhado por Matheus Macena

O que chamamos de personalidade se refere a um padrão característico que as pessoas apresentam de pensamentos, sensações e comportamentos que são consistentemente demonstrados ao longo do tempo. O modelo de cinco fatores (Big five) propõe que as personalidades diferem em cinco dimensões: em extroversão (extraversion), agradabilidade (agreeableness), conscienciosidade (conscientiouness), neuroticismo (neuroticism) e na abertura a experiências (openness to experience).
            As dimensões retratam conjuntos amplos de características relacionáveis no indivíduo e cada pessoa pode ter níveis diferentes dessas dimensões. A extroversão representa diferenças individuais no contato social, assertividade e níveis energéticos. Uma pessoa que é extrovertida tende a socializar e procurar o contato social. Em contraste, pessoas introvertidas tendem a ser social e emocionalmente reservadas. A agradabilidade captura diferenças em compaixão, respeito e aceitação aos outros. Indivíduos agradáveis expressam preocupação pelo bem-estar, preferências e direitos de outros, no geral, carregam uma avaliação positiva de terceiros. A conscienciosidade representa as diferenças em organização, produtividade e responsabilidade. Aqueles que são conscientes preferem a ordem, estrutura e o trabalho para alcançar suas metas, também são comprometidos em cumprir seus deveres e obrigações. O neuroticismo representa o nível de estabilidade emocional, ele representa as diferenças em frequência e intensidade de emoções negativas. Os neuróticos são vulneráveis a vivenciar ansiedade, tristeza e alterações súbitas de humor ao passo que emocionalmente estáveis tendem a permanecer calmos e resilientes frente a dificuldades. Por último, a abertura a experiência representa as diferenças em curiosidade intelectual, sensibilidade estética e imaginação. Aqueles que seriam pessoas abertas desfrutam de maior criatividade, sensibilidade maior a arte e facilidade em gerar ideias originais.
            As dimensões também estão associadas a predição de eventos. A extroversão, por exemplo, consistentemente prediz desfechos sociais. Os indivíduos extrovertidos parecem possuir mais amigos e parceiros íntimos. Agradabilidade é associada com desfechos pró sociais. Pessoas agradáveis são mais apreciadas pelos seus pares e as suas relações pessoais tendem a ser mais estáveis e satisfatórias. A conscienciosidade é um preditor de desfechos em saúde. Os indivíduos conscientes tendem a evitar comportamento de risco e adotar saudáveis, vivendo mais. O neuroticismo é negativamente associado ao bem-estar e a saúde psicológica, indivíduos neuróticos estão inclinados a vivenciar níveis mais baixos de satisfação em diversas áreas da vida (emprego, relacionamentos). A abertura a experiência é associada com desfechos intelectuais e criativos. As pessoas extremamente abertas tendem a possuir maiores pontuações em testes de criatividade e inteligência.
            Estudos psicoléxicos apontam para presença de palavras sinônimas a cada uma das dimensões do modelo, em diversas línguas, e que os adjetivos usados para descrição de personalidade em variados idiomas coincidem com os termos do modelo, além de muitos testes de personalidade também se adequarem a estrutura do Big Five. Um melhor entendimento das causas e a estabilidade da teoria é benéfico ao proporcionar uma ferramenta de pesquisa e diagnóstico para a psicologia da saúde.

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