Avaliação da criatividade a partir do nível de inteligência de crianças
Nakano,
T.C., & Brito, M.E. (2013). Avaliação da criatividade a partir do
controle do nível de inteligência em uma amostra de crianças. Temas em
Psicologia, 21(1), 1-15. doi: 10.9788/TP2013.1-01
Resenhado por Laís Santos
A criatividade pode ser compreendida a
partir de pelo menos três vertentes. A primeira pressupõe a relação direta entre
esse construto e a inteligência. A segunda expõe a criatividade e a
inteligência como construtos independentes e diferentes, considerando que uma
pessoa pode ter elevada inteligência e baixos níveis de criatividade, por
exemplo. A terceira vertente defende que a relação entre inteligência e criatividade,
embora não linear, é passível de acontecer mediante determinado nível de
inteligência. Nesse ínterim, constata-se a baixa quantidade de estudos que
investigaram a associação entre inteligência e criatividade entre crianças,
visto que as pesquisas disponíveis tendem a se concentrar entre os jovens
adultos. Com isso, o presente estudo buscou avaliar a criatividade por meio do
controle dos níveis de inteligência em um grupo de crianças, analisando o
impacto das variáveis sexo e nível de inteligência em referência aos níveis de
criatividade de crianças.
Para tanto, a amostra foi composta por
135 crianças, de ambos os sexos, com média etária de 10,3 anos (DP =
1,05). Os instrumentos usados foram Bateria de Provas de Raciocínio Infantil e o
Teste de Criatividade Figural Infantil. O nível de inteligência das crianças foi
estratificado em três grupos (alta, média e baixa inteligência). Observou-se
baixa correlação (r = 0,22) entre inteligência e criatividade entre as
crianças entrevistadas. Além disso, verificou-se que em geral os participantes
do sexo feminino obtiveram melhor desempenho nas provas de raciocínio verbal,
prático assim como nos fatores 1 e 4 de criatividade. Os meninos tiveram melhor
desempenho nas provas de raciocínio numérico. Já entre as provas de raciocínio
abstrato e fatores 2 e 3 da criatividade, ambos os sexos obtiveram desempenho
semelhante. Quando a variável inteligência foi controlada, em geral, os meninos
se destacaram nas provas de raciocínio numérico e as meninas na criatividade,
exceto o grupo de inteligência média. Estratificando os níveis de inteligência
a partir do percentil (abaixo da média – percentil 1 e 33; na média – percentil
43 e 57, e acima da média de inteligência – percentil 67 e 99). A partir dessa
análise por grupos, constatou-se que a variável sexo não exerceu impacto significativo
nos níveis de criatividade entre as crianças entrevistadas, já o grupo com
inteligência acima da média apresentou melhor desempenho no Fator 1 de
criatividade (enriquecimento de ideias).
Por fim, o estudo em questão abordou uma
lacuna presente na literatura, a escassez de estudos sobre a identificação da
criatividade e inteligência na infância e adolescência. Ao se levar em
consideração aspectos da Psicologia Positiva e necessidade de ações de
prevenção primária voltadas para a infância e adolescência, a criatividade pode
ser estimulada a fim de produzir melhores resultados em saúde e adaptação às
adversidades. Ressaltasse, portanto, a importância do estudo da criatividade e
variáveis relacionadas, uma vez que esse construto pode atuar como uma
ferramenta para tomada de decisões e melhores níveis de
saúde física e mental.
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