Psicologia da saúde: Visão Geral e Questões Profissionais/ Health Psychology: Overview and Professional Issues
Nezu,
Arthur M.; Nezu, Christine Maguth; Geller, Pamela A.; Weiner, Irving B. (2003). Handbook
of Psychology. Hoboken, New Jersey: John Wiley & Sons, Inc.
Resenhado por Giulia Oliveira
O crescente reconhecimento da
psicologia da saúde está ancorado nas descobertas, cada vez mais evidentes,
sobre a capacidade que alguns comportamentos possuem de reduzir a morbidade e a
mortalidade. Dessa forma seus impactos na saúde e nos estados de doença
ganharam destaque no meio científico, fazendo com que a psicologia da saúde
passasse de um mero campo de pesquisa a um dos dispositivos do serviço de
saúde.
A definição de psicologia da saúde
mais amplamente aceita tem sido a proposta por Matarazzo (1982), que
identifica a área como o conjunto de contribuições educacionais, científicas e
profissionais da psicologia que visa promover e manter a saúde, através da prevenção
e tratamento da doença. Embora seja a mais adotada, essa conceituação ainda é
alvo de críticos que a classificam como sendo demasiada genérica e explicitam a
necessidade de ser delimitada e aprimorada, levando em conta inclusive os
determinantes sociais e econômicos para a expressão de bem-estar no indivíduo e
seu grupo. Apesar dessas divergências conceituais, o objetivo central da
psicologia da saúde é uma constante entre seus profissionais: promover,
melhorar e manter a saúde através de intervenções que permitam a aplicação de
conhecimentos psicológicos, diminuindo comportamentos de risco e promovendo
comportamentos saudáveis. Para tanto, a profissão deve manter uma
interdisciplinaridade com outros profissionais da saúde e receber um
treinamento adequado.
A formação em psicologia da saúde
consiste no ensino de habilidades práticas na assistência da saúde, bem como
habilidades de pesquisa e avaliação, as quais permitem aos profissionais lidar
com os desafios recorrentes e atender às demandas que surgem. O objetivo é
sempre complementar o conhecimento de psicologia ao unir teoria e prática,
possibilitando, por fim, a autonomia do psicólogo da saúde. No entanto, as
estruturas curriculares e as habilidades nelas desenvolvidas variam de acordo
com as políticas da região ou país, a exemplo dos diferentes treinamentos
introduzidos por Estados Unidos, Europa e Reino Unido. Em face disso, surgem
duas abordagens diferentes, mas complementares, uma baseada no modelo
biopsicossocial, que atua no sistema de saúde e comporta os profissionais do
domínio clínico e outra baseada no modelo socioeconômico, que visa à ação e à
pesquisa na comunidade.
Finalmente, a psicologia da saúde é
marcada por um intenso debate acerca da sua preparação para assumir status de
profissão, o que gera muitas implicações éticas e políticas que, se não
resolvidas, podem acabar prejudicando os indivíduos, ao invés de ajudar. Antes
de mais nada, é evidente que os serviços psicológicos de saúde devem ser expandidos
e se tornarem mais acessíveis, a partir de análises de custo-eficácia e da
alocação de recursos priorizando os grupos mais vulneráveis, para que possam cumprir
seu dever de promover integração social.
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