Câncer e suicídio em idosos: Determinantes psicossociais do risco, psicopatologia e oportunidades para prevenção
Santos, M. A. D. (2017). Câncer e suicídio em idosos: Determinantes psicossociais do risco, psicopatologia e oportunidades para
prevenção. Ciência & Saúde
Coletiva, 22, 3061-3075.
Resenhado por Joelma
Araújo
O suicídio é um sério
problema de saúde pública. Segundo a OMS, na medida em que há aumento de pessoas nessa
faixa etária idosa, as mortes autoprovocadas
crescem no mesmo ritmo, o que coloca o
suicídio como um problema mundial, já que há aumento de idosos tanto em países
desenvolvidos quanto em desenvolvimento. Atrelado a isso, outro fator
preocupante é a incidência de câncer,
que está diretamente associada ao avanço da idade e a limitações físicas e
funcionais decorrentes da doença. Estes são
fatores associados ao comportamento suicida nessa faixa etária.
O estudo teve por objetivo
investigar na literatura os fatores de risco associados ao suicídio em
pacientes idosos com câncer, examinando os determinantes psicossociais de risco
e a psicopatologia. Para isso, realizou-se uma revisão integrativa da
literatura publicada nos últimos anos, na qual foram consultadas as seguintes bases indexadas: PubMed, CINAHL,
PsycINFO, Lilacs e SciELO. Foram selecionados 20 artigos, publicados entre 2000
e 2015. Não foram encontrados estudos em
países latino-americanos, incluindo o Brasil.
Os resultados do estudo
sugerem que o risco de suicídio em idosos foi maior entre os pacientes com
câncer do que entre aqueles que apresentavam outras condições médicas. O que
enfatiza o grau de acometimento psicológico relacionado ao diagnóstico do
câncer, que pode estar relacionado à percepção de sentença de morte.
Os tumores localizados
no pulmão e brônquios, estômago, cabeça e pescoço, incluindo cavidade oral,
faringe e laringe, são os responsáveis por maiores taxas de suicídio, o que
pode ser por conta do impacto causado, como o de cabeça e pescoço que interfere
na aparência física e capacidade de realizar funções básicas como alimentar-se
e falar. Também há um aumento do risco de suicídio quando o diagnóstico é feito
tardiamente, em uma fase já avançada da doença, em que o sujeito já tem que
lidar com os efeitos devastadores da doença.
Além disso, estudos
indicam que homens são mais suscetíveis a cometerem suicídio após um
diagnóstico de câncer, e que a falta de suporte social também contribuem para o
aumento da taxa de suicídio entre esses pacientes. Sendo que, depressão e a desesperança
são os mais fortes preditores do desejo de acelerar a morte nessa
população.
Desta forma, percebeu-se
que as repercussões psicológicas do acometimento de câncer em idosos, se não
tratadas adequadamente podem levar a uma antecipação da finitude. O efeito devastador do adoecimento,
o tipo de câncer e a fase em que o tumor se encontra pode levar o sujeito a não
suportar tamanho sofrimento. Sendo que o suporte social aparece no estudo como
um dos fatores importantes na prevenção ao suicídio. O que sugere que as
intervenções psicológicas para aliviar os sintomas depressivos e prevenir
autoextermínio em pacientes com câncer devem considerar algumas características
demográficas, como sexo e idade, e reforçar com a família e amigos a
importância do apoio prestado.
Dada a importância do
tema, novas pesquisas na área da psicologia da saúde, principalmente no Brasil,
como sugerem os autores, devem ser realizadas. Assim
como, a temática reforça a importância do acompanhamento psicológico aos
pacientes oncológicos desde a investigação diagnóstica se estendendo a todo o
processo de tratamento.
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