Teoria da Ação Planejada e intenções dos pedestres de violar as regras de trânsito/Theory of planned behavior and pedestrians intentions to violate traffic regulations
Dıaz, E. M. (2002). Theory of planned
behavior and pedestrians intentions to violate traffic regulations. Transportation Research Part F: Traffic
Psychology and Behaviour, 5(3), 169-175.
Resenhado
por Geovanna Turri
Os acidentes
de trânsito são motivo de crescente preocupação nos países em desenvolvimento
com altos níveis de crescimento econômico e consequente crescimento da
motorização, principalmente acidentes que envolvem pedestres. Os acidentes
envolvendo pedestres são o segundo tipo de acidente mais frequente após
colisões entre veículos e esse tipo de acidente contribui com o maior número de
mortes. Nesse contexto, cabe pesquisar as atitudes em relação a violações e as
causas atribuídas por motoristas e pedestres a acidentes de trânsito. A Teoria
da Ação Planejada (TAP) pode auxiliar nesse entendimento, visto buscar
entender, explicar e prever o comportamento humano. Diante disso, Diaz (2002) buscou
usar a TAP para entender as atitudes dos pedestres em
relação a violações de tráfego e autoavaliações de violações, erros e lapsos.
Foram entrevistados
146 pedestres, de forma a mensurar as atitudes, normas subjetivas, percepção de
controle e intenção comportamental em relação à travessia da estrada no meio do
quarteirão. Essa parte do instrumento foi composta por 16 itens do tipo Likert
de cinco pontos. O autor também usou uma medida de autorrelato acerca do comportamento
dos pedestres contendo 17 itens do tipo Likert de seis pontos em relação
a violações de pedestres (11 itens), erros (4 itens) e lapsos (2 itens). Ambas
as escalas apresentaram boa confiabilidade. A avaliação do modelo da ação
planejada mostrou um ajuste significativo. Violações, erros e lapsos se
mostraram relacionados à intenção de violar regulamentos, o que por sua vez apresentou
uma relação causal com atitudes positivas, norma subjetiva e controle
comportamental percebido.
Os resultados
revelaram que as pessoas jovens apresentaram uma atitude mais positiva em
relação a cometer violações como pedestres, além de perceberem a norma
subjetiva como menos inibitória, terem menos controle sobre violações, uma
intenção mais positiva para cometer violações e relatarem mais violações, erros
e lapsos do que os adultos mais velhos. Viu-se ainda que homens relataram
violações das regras de trânsito mais frequentemente do que as mulheres.
O autor
concluiu que os pedestres em particular homens jovens, são pelo menos em parte
responsáveis pelas altas taxas de acidentes e sugere que ações corretivas
sejam aplicadas com base nesses dados. Enfim, o texto mostra que o modelo da
TAP parece ser adequado para entender e prever as intenções comportamentais dos
pedestres, uma vez que seu ajuste é significativo. As correlações entre
violações, erros e lapsos indicam que a travessia do pedestre pode ser entendida
como comportamento de risco, ao passo que o indivíduo se coloca em risco ao
cometer uma ação irresponsável.
O presente
trabalho revela sua importância para a Psicologia da Saúde ao mostrar a
relevância de ações que visem controlar comportamentos de risco de pedestres que
podem levar à morte. As campanhas de prevenção de acidentes e educação no
trânsito devem ampliar a percepção de que o pedestre é sempre uma
"vítima" de motoristas irresponsáveis e direcionar campanhas para o
cumprimento dos regulamentos de pedestres, tornando-os mais ativos em relação a
seu comportamento no transito.
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