Intervenções psicológicas na Perturbação Borderline da Personalidade: Uma revisão das terapias de base cognitivo-comportamental

15:47

Resenhado por Gabriela de Queiroz

Marques, S., Barrocas, D., & Rijo, D. (2017). Intervenções psicológicas na Perturbação Borderline da Personalidade: Uma revisão das terapias de base cognitivo-comportamental. Acta Médica Portuguesa30(4), 307-319.

            O Transtorno da Personalidade Borderline (TPB), é caracterizado por um padrão global de instabilidade no relacionamento interpessoal, autoimagem e afetos. Além da impulsividade em áreas que são potencialmente auto-lesivas, como comportamentos sexuais de risco, abuso de substâncias, automutilações e ideação suicida. Trata-se de um padrão de comportamento que surge no início da idade adulta, e é inflexível, estável, de longa duração, podendo implicar em déficit funcional.
            Na população geral, a prevalência de TPB é de 1,6%, mas pode crescer até 6%. Na população psiquiátrica, esta é uma perturbação mais frequente podendo ocorrer em 10% dos pacientes ambulatoriais e em 20% dos casos de internamento. Além disso, estima-se que cerca de até 80% dos pacientes com TPB apresentam comportamentos suicida, dentre os quais, cerca de 10% chegam a consumar o suicídio.
            Diante deste quadro, o TPB tornou-se uma perturbação da personalidade exaustivamente estudada, e assim, diversas diretrizes internacionais recomendam que a abordagem terapêutica primária para este transtorno sejam as intervenções psicológicas. Portanto, este estudo revisou os principais modelos cognitivos-comportamentais de intervenção, e sua eficácia no tratamento de TPB.
            Dentre as diversas intervenções psicológicas que demonstram eficácia no tratamento do TPB e que são baseadas na abordagem cognitivo-comportamental, destacam-se as seguintes: Terapia Comportamental-Dialética (TCD); Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC); Terapia Focada nos Esquemas (TFE); Terapia Cognitiva por Manual (TCM).
            Os resultados dos diversos ensaios clínicos revisados, demonstraram que as intervenções psicológicas de base cognitivo comportamental são eficazes no tratamento do TPB. As várias modalidades da terapia cognitivo comportamental apresentaram benefícios clínicos, a nível da redução da psicopatologia geral e específica do TPB, a nível comportamental, reduzindo a frequência e a gravidade dos comportamentos auto lesivos, além de melhorias  funcionais, com progressos no funcionamento interpessoal, social e global do indivíduo.
            Mesmo existindo diferenças - de formato (individual ou grupo), de duração (breve ou prolongada), de estrutura da terapia, estratégias e técnicas aplicadas - entre as intervenções terapêuticas analisadas nesta revisão, todas mostraram-se capazes de produzir benefícios clínicos.  Não foram observados relatos de efeitos adversos ou prejudiciais à saúde do paciente. Desta forma, reforça-se a importância e a necessidade do tratamento psicoterápico nos casos de Transtorno da Personalidade Borderline, a fim de controlar os sintomas e comportamentos característicos do TPB, bem como prevenir contra danos secundários.

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