Relação terapêutica com pacientes borderlines na terapia comportamental dialética (TCD)


Carvalheiro, C. V. & Melo, W. V. (2016). Relação terapêutica com pacientes borderlines na terapia comportamental dialética. Psicologia em Revista (22,), 3. doi:10.5752/P.1678-9523.2016V22N3P579 

Resenhado por Danielle Alves Menezes

A terapia comportamental dialética (TCD) tem se destacado por ser uma ferramenta eficaz e facilitadora de reestruturação cognitiva, regulação emocional e modificação comportamental. Estudos que investigaram TCD e abordagem de transtornos de ansiedade, por exemplo, evidenciaram altos índices de empatia, transparência, foco, estrutura, progresso e cooperação. Na abordagem do transtorno de personalidade borderline (TPB), a TCD emprega técnicas de aceitação, métodos e conceitos da ciência comportamental, métodos contemplativos, tais como mindfulness, tendo como foco tratar desregulação emocional em níveis mais graves, como as observadas no diagnóstico de TPB.
O artigo analisado é uma revisão que teve por objetivo verificar a relação entre TCD e abordagem do TPB na literatura científica. Os resultados mostraram serem importantes a empatia, proteção, cuidado, flexibilidade, versatilidade, a congruência e o compromisso.
No que se refere à empatia, destaca-se que a TCD buscou validar sentimentos da pessoa com TPB por meio de estratégias de aceitação. Essa técnica favoreceu melhor manejo da regulação emocional, já que em pessoas com TPB, em razão das dificuldades presentes no aprendizado da relação funcional entre emoções e ambiente, elas tendem a negar expressões emocionais de outras pessoas e a interpretar suas próprias experiências emocionais equivocadamente.
Pessoas com TPB apresentam intensos afetos disfóricos, como raiva, tristeza, vergonha, pânico, terror e sentimentos crônicos de vazio e solidão. Por conta disso, técnicas que evidenciaram proteção e cuidado em momentos de oscilação afetiva tiveram relevância na TCD. A realização de ligações telefônicas, por exemplo, auxiliou o paciente a enfrentar essas dificuldades, reforçando a utilização de habilidades trabalhadas nas sessões e incentivando a permanência no tratamento.
 Outra característica comum entre os pacientes com TPB é a rigidez cognitiva, pensamento dicotômico, ideias supervalorizadas acerca do fato de se perceberem como "maus", de desconfiança, além de ideias de referência, o que leva pessoas com esse transtorno gastar mais tempo e energia na resolução de conflitos. Atitudes de flexibilidade e versatilidade na TCD consistiram na habilidade de treinar o paciente para aquisição de habilidades nas áreas em que apresentam déficits, o que ajudou na adaptação psicológica.
Condutas que favoreceram congruência e compromisso na TCD contribuíram para eliminar comportamentos de risco. Sabe-se que, nesse transtorno, as pessoas apresentam intensa impulsividade  que se manifesta por meio de comportamentos suicidas, abuso de substâncias e distúrbios alimentares. Ao buscar consenso com o paciente, congruência com os objetivos do tratamento e com as atividades propostas, o terapeuta pode alcançar maior efetividade e adesão do paciente.
Por fim, diante da escassez de estudos ressaltada pelos autores acerca da abordagem clínica do TPB, a psicologia da saúde pode contribuir para a investigação de técnicas cada vez mais efetivas para o treino de regulação emocional mais adaptativo, o que favoreceria o ajustamento psicológico de pessoas com esse transtorno.


Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.