Mortalidade por suicídio na população brasileira, 1996 – 2015: qual é a tendência predominante?
D’Eça Júnior, A.; Rodrigues, L. S.; Meneses Filho, E. P.; Costa,
L. N.; Rêgo, A. S.; Costa, L. C.; &
Batista, R. F. L. (2019). Mortalidade por suicídio na população brasileira,
1996-2015: qual é a tendência predominante? Cadernos Saúde Coletiva, 27(1),
20-24.
Resenhado por Michelle Leite
O
suicídio é definido como comportamento autolesivo e intencional de matar a si
mesmo. No mundo, está entre as 20 maiores causas de morte para todas as idades,
com a estimativa de 1 milhão de óbitos. O Brasil está entre os 10 países com os
maiores números de casos de suicídio, registrando um aumento de 56,5% nas taxas
de mortalidade por essa causa. O objetivo do artigo foi o de analisar a
tendência da mortalidade por suicídio nas regiões brasileiras no período de
1996 a 2015 e a associação com o sexo.
O
estudo foi realizado a partir de todos os registros de óbitos por suicídio no
Brasil analisados por regiões entre 1996 e 2015. A declaração de óbito contida
na base de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade foi utilizada como
instrumento de coleta. Foi considerado suicídio todos os óbitos autoprovocados
e foram analisados por região do Brasil, sexo e faixa etária. Para as análises
de dados, utilizou-se o teste de qui-quadrado e o modelo de regressão de
Prais-Winsten processados através do programa Tabwin e analisados no programa
STATA.
No
Brasil, 172.051 óbitos por suicídio foram registrados entre 1996 a 2015. O menor
número de casos aconteceu na região Norte (1.714) no período de quatro anos
(1996 a 2000) e o maior na região Sudeste (20.467), em igual intervalo de tempo
(2011 a 2015). O aumento progressivo de suicídios consumados foi observado em
todas as regiões do país, sendo a região Norte e a região Sul as que tiveram
maior e menor oscilação, respectivamente. Os resultados apontaram uma tendência
crescente de suicídio nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste, decrescente na
região Sul e estável na região Centro-Oeste. Além disso, o sexo masculino e a
faixa etária entre 20 e 29 anos tiveram predomínio significativo dentre os
óbitos.
Tendências
cada vez mais decrescentes na região Sul podem ser reflexo do programa de
prevenção ao suicídio (PPS) criado no ano de 2009. O PPS possibilitou o
fortalecimento da atenção básica, a reorganização da rede intersetorial de
atendimento e o estabelecimento de uma linha de cuidados, além da capacitação
profissional na identificação dos riscos. Outrossim, variáveis como o apoio político-institucional,
controle social, educação permanente, ações de sensibilização, melhoria no
preenchimento das declarações de óbito e notificação compulsória das tentativas
também propiciaram uma redução das taxas de suicídio na região.
Em
estudo realizado no período de 1980-2006, observou-se que as capitais com maior
crescimento das taxas de suicídio foram Goiânia, Aracaju e Macapá. Pesquisas
como essas são fundamentais para a visualização do suicídio como um importante
problema de saúde pública no Brasil. Por fim, conhecer as tendências
predominantes ajudam no desenvolvimento de programas de prevenção tanto para a
população geral quanto para os grupos de risco específicos aqui evidenciados,
bem como ajudam no direcionamento do trabalho dos profissionais envolvidos,
possibilitando a diminuição das estatísticas apresentadas.
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