Transtorno da Personalidade Evitativa: Uma Revisão Atual / Avoidant Personality Disorder: A Current Review
Weinbrecht, A., Schulze, L., Boettcher, J., &
Renneberg, B. (2016). Avoidant personality disorder: A Current Review. Current Psychiatry Reports, 18(3), 29. DOI
10.1007/s11920-016-0665-6
Resenhado por Luanna Silva
O transtorno
da personalidade evitativa é caracterizado por um padrão de inibição social,
sentimento de inadequação e acentuada sensibilidade à avaliação negativa.
Indivíduos que apresentam esse diagnóstico preocupam-se intensamente com
críticas e rejeição, mostram-se reservados em relacionamentos íntimos, se
percebem como indesejados e evitam interações sociais. Em decorrência dos
sintomas vivenciados, prejuízos sociais, físicos e mentais afetam o
funcionamento social das pessoas que sofrem com esse transtorno. Quando
comparado a outros transtornos da personalidade, o transtorno da personalidade
evitativa apresenta os maiores níveis de comprometimento do funcionamento
diário. Estudos indicam que pacientes com esse diagnóstico tendem a apresentar
doenças somáticas, baixa autoestima, menor nível de escolaridade e menor renda.
Fatores genéticos e ambientais estão envolvidos no desenvolvimento do
transtorno da personalidade evitativa. Além disso, estudos sugerem como fatores
de risco a vivência de experiências negativas na infância e transtornos de
ansiedade na infância ou adolescência.
O transtorno
de ansiedade social (TAS) é o diagnóstico comórbido mais comum do transtorno da
personalidade evitativa. Há dois modos distintos de abordar esses transtornos e
entender suas delimitações. Muitos estudos apoiam a hipótese de que os dois
distúrbios são consequência de graus variados de ansiedade social. Ou seja, ambos
os transtornos expressam representações clínicas de ansiedade social, contudo, pacientes
diagnosticados com transtorno da personalidade evitativa apresentam sintomas e
prejuízos funcionais mais severos do que aqueles com TAS. Observando as
diferenças qualitativas entre os transtornos, evidências indicam que o
sentimento de inferioridade e passividade são específicos
do transtorno da personalidade evitativa.
Não existem muitos
estudos de tratamento focados exclusivamente em pacientes com transtorno da
personalidade evitativa. Entretanto, as pesquisas realizadas demonstram que os
pacientes respondem bem a Terapia Cognitivo-Comportamental. Intervenções como
exposição, dessensibilização sistemática, ensaio comportamental, dramatizações e
treinamento de habilidades sociais fazem parte do processo terapêutico. As
técnicas cognitivas incluem a identificação de crenças centrais disfuncionais e
o desenvolvimento de crenças mais adaptativas. Ademais, a Terapia de Esquemas
tem mostrado potencial promissor para o tratamento do transtorno da
personalidade evitativa. Essa abordagem integra técnicas de Terapia
Cognitivo-Comportamental, Psicodinâmica e da Gestalt.
Por fim,
destaca-se que o transtorno da personalidade evitativa é um diagnóstico
prevalente e que provoca sérias implicações na vida daqueles que apresentam
esse quadro patológico. Apesar disso, esse é um distúrbio negligenciado na
pesquisa clínica sobre transtornos da personalidade. Mais estudos sobre
sintomas e tratamentos específicos para esse transtorno são necessárias, de
modo que a Psicologia da Saúde pode contribuir para preencher essa lacuna.
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