Setembro Amarelo e Suicídio: Uma campanha pela valorização da vida


Por Maísa Carvalho

No Brasil, segundo o Ministério da Saúde (2017), cerca de 11 mil pessoas se suicidam todos os anos. O fenômeno é considerado como a quarta causa de morte em jovens com faixa etária de 15-29 anos e, quanto ao sexo, é a terceira maior causa em homens e a oitava em mulheres. Em virtude da dimensão epidemiológica envolvendo o suicídio, em 2015 foi criada a campanha “Setembro Amarelo”, idealizada em conjunto pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). O mês inteiro é voltado à conscientização e prevenção do tema, com uma gama de ações educativas propostas principalmente por profissionais de saúde, com o intuito de abranger a população em geral.

Fatores de Risco e de Proteção
O suicídio é um fenômeno de caráter multicausal, ou seja, ocorre em razão de uma série de fatores. Alguns dos elementos de risco mais comuns estão relacionados ao sexo (masculino: maior índice de consumação; feminino: mais tentativas), idade (jovens: mais tentativas; idosos: suicídio), histórico familiar de comportamentos suicidas, presença de transtornos mentais, dependência de álcool e outras substâncias, ideação ou tentativas anteriores de suicídio, isolamento social, histórico de abuso sexual, físico ou emocional na infância e também a ocorrência de alguns eventos importantes, tais como perda de emprego, ruptura de relações amorosas e problemas familiares. É importante ressaltar que a junção desses fatores potencializa ainda mais as chances de o indivíduo tentar suicídio.
A presença de alguns fatores contextuais, tais como coesão familiar, suporte social e condições econômicas favoráveis são considerados protetivos ao comportamento suicida. Aspectos individuais como religiosidade, autoeficácia, boa capacidade para resolução de problemas, resiliência e a presença de algumas habilidades sociais também são importantes para a prevenção.

Como identificar e como auxiliar?
Muitos mitos sobre o suicídio que são compartilhados pela população estão relacionados, sobretudo, à natureza majoritariamente privada do evento. Ou seja, muitas pessoas acreditam que quem deseja se matar não expressa ou não avisa previamente. Embora possa acontecer, é importante estar atento aos sinais de risco, sejam eles explícitos ou não. Além dos fatores de risco clássicos já mencionados, frases de alerta como “eu preferia estar morto (a)”, “eu não aguento mais”, “não quero mais viver”, “sou um peso para os outros” e “todos viverão bem sem mim” costumam ser elementos precoces e importantes para intervir no problema, tratando-o ou prevenindo-o.
Caso você conheça alguém que expresse sinais de risco ou verbalize que pensa em se matar, ouça atentamente e sem julgamentos, orientando a pessoa a buscar ajuda profissional, preferencialmente com psicólogo e psiquiatra, além de apoiar o tratamento. Esses serviços podem ser encontrados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) locais. Caso seja preciso uma ajuda emergencial, busque ajuda nas UPAs 24h, SAMU (192), hospitais e pronto-socorro. Ademais, o Centro de Valorização da Vida (CVV), através do número 188, é uma ferramenta que promove apoio emocional e prevenção ao suicídio mediante a escuta de voluntários qualificados.  

Fontes
Ministério da Saúde. (2017). Perfil epidemiológico das tentativas e óbitos por suicídio no Brasil e a rede de atenção à saúde. Disponível em http://portalms.saude.gov.br/images/pdf/2017/setembro/21/2017-025-Perfil-epidemiologico-das-tentativas-e-obitos-por-suicidio-no-Brasil-e-a-rede-de-atencao-a-saude.pdf
World Health Organization (2014). Preventing suicide: A global imperative. Suiça: Autor.




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