Ansiedade materna e maternidade: Revisão da literatura
Donelli,
T. M. S., Chemellho, M. R., & Levandowski, D. C. (2017). Ansiedade materna
e maternidade: Revisão crítica da literatura. Interação em Psicologia, 21(1).
Resenhado por Daiane Nunes
A ansiedade é caracterizada por uma
resposta a uma ameaça desconhecida, interna, vaga ou de origem conflituosa,
fazendo parte inerente de diferentes experiências humana. No entanto, quando
ela excede a capacidade do indivíduo de lidar com essas demandas, ela pode
desencadear um processo desadaptativo. Na maternidade, a ansiedade pode influenciar
o curso da gestação, predispondo a gestante a complicações obstétricas, como a
pré-eclampsia, interferências no desfecho do parto, ocasionando o parto
prematuro, bem como pode ser preditor para a ocorrência de depressão pós-parto.
Considerando a relevância da temática, o presente estudo objetivou apresentar
uma revisão sistemática da literatura sobre ansiedade materna e maternidade,
entre os anos de 2010 e 2014.
Utilizou-se as bases de dados American Search Premier Complete,
Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS), MEDLINE, PsycINFO, Scientific Eletronic Library Online
(SciELO) e Web of Science. Foram
incluídos artigos completos, publicados em inglês, espanhol e português, por
autores da Psicologia, Psiquiatria e outras áreas da saúde, estudos empíricos
cujos participantes eram mães de crianças de até três anos e que tivessem foco
na investigação de ansiedade nessa população. Foram excluídos artigos que não
estivam disponíveis na íntegra, que trataram da ansiedade nas crianças ou
cônjuges ou que não contemplaram a temática de interesse. Depois de aplicados
os critérios de inclusão e exclusão, 43 artigos compuseram a amostra final.
Os resultados foram agrupados em seis
eixos temáticos: o primeiro evidenciou a relação entre o tempo de internação do
bebê em UTI Neonatal e aumento da ansiedade das mães, além de ter apontado a
ansiedade como fator que dificulta a capacidade materna de responder
sensivelmente aos sinais do bebê; o segundo relacionou a ansiedade materna com
variáveis sociodemográficas e o desenvolvimento infantil, apontando que quanto
menor a escolaridade, a idade, o nível socioeconômico e o desconhecimento dos
cuidados com o recém-nascido, maior a ocorrência de ansiedade materna; o
terceiro eixo compreendeu a ansiedade materna associada a outros sintomas e/ou
quadros psicopatológicos, tais como depressão e estresse, e desenvolvimento
infantil. A prevalência de ansiedade e depressão esteve relacionada com baixo
peso ao nascer, risco de parto prematuro e prejuízos no desenvolvimento
infantil, incluindo a formação de apego inseguro e risco de prejuízos na
aquisição da linguagem; o quarto eixo temático agrupou aspectos relacionados à
ansiedade materna, comunicação e relação mãe-bebê, demonstrando que a ansiedade
pode influenciar negativamente a capacidade de resposta das mães; o quinto eixo
compreendeu a ansiedade
materna, a relação conjugal e apoio social. Mulheres que tinham dificuldades
nos relacionamento conjugais e apoio social insuficiente estiveram mais
vulneráveis à ocorrência de ansiedade severa; e o último eixo agrupou os
resultados de intervenções voltadas para o manejo da ansiedade.
Por fim, cabe ressaltar a importância da
identificação e avaliação da ansiedade desde a gestação, como medida preventiva
e protetiva para a saúde mental das mães e o desenvolvimento do bebê.
Evidencia-se também que a ansiedade no contexto da maternidade é um fenômeno
multifatorial, relacionado a diferentes variáveis, tanto sociodemográficas como
psicológicas, demonstrando relevância para o campo da Psicologia da Saúde.
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