Pacientes com autolesão deliberada atendidos em serviço de emergência em hospital de cuidado terciário: Análise de 13 meses de perfis clínico-psiquiátricos / Patients with deliberate self-harm attended in emergency setting at a tertiary care hospital: A 13-month analysis of clinical-psychiatric profile

06:30
Sing, S., Kumar, S., & Deep, R. (2019). Patients with deliberate self-harm attended in emergency setting at a tertiary care hospital: A 13-month analysis of clinical-psychiatric profile. The International Journal of Psychiatry in Medicine, 0(0), 1-14. doi: 10.1177/0091217419837052

Resenhado por Luana C. Silva-Santos

Os comportamentos autolesivos caracterizam-se por lesão direta e deliberada a si mesmo, sem intenção suicida. Além disso, são marcados por sofrimento psíquico intenso que atinge a vítima e sua rede social proximal, sendo mais prevalentes na juventude. Tais comportamentos têm se configurado problema de saúde pública e sido associados a comportamentos mais graves como o suicídio. Nesse sentido, o senso momentâneo de alívio proporcionado pela autolesão reforça o comportamento, para o qual o indivíduo tende a recorrer sempre que deseja sentir-se aliviado e, em ocasiões futuras, o comportamento pode agravar-se ou intensificar-se na busca pelo senso de alívio, culminando na tentativa ou suicídio propriamente dito.
Sing, Kumar e Deep buscaram descrever o padrão e o perfil clínico e psiquiátrico de pacientes que praticaram autolesão e deram entrada em uma emergência em Delhi, na Índia. Para tanto, analisaram, durante um período de 13 meses (entre janeiro de 2015 e janeiro de 2016), 109 prontuários de pacientes que cometeram autolesão. Durante o período do estudo, 132 pacientes deram entrada com casos de autolesão, sendo que 23 foram classificados como “acidentais”, restando 109 casos. Assim, dentre as emergências mentais e comportamentais atendidas nesse período, a autolesão representou 16,4% (n = 109) dos 666 prontuários registrados. A faixa etária predominante (84,4%) era de pacientes entre 18 e 39 anos, sendo que mulheres (58,7%) se lesionaram mais que os homens. Foi encontrada doença psiquiátrica diagnosticável no momento da internação em 52,3% dos pacientes, sendo mais comum o transtorno depressivo (19,3% da amostra geral), além de 12,5% dos casos apresentarem história pregressa de doença psiquiátrica. Overdose de drogas ou psicotrópicos e ingestão de produtos de limpeza de fenil ou veneno de rato foram os métodos mais comumente encontrados nos relatos. Além disso, houve diferença significativa entre os sexos (p = 0,03) para os eventos precipitadores, dos quais problemas de relacionamento interpessoal foi significativamente mais comum em mulheres (p = 0,03).

O diferencial do estudo de Sing, Kumar e Deep foi trazer informações relevantes e úteis sobre características transversais das condutas autolesivas em um contexto específico, o que traz implicações para o planejamento de intervenções na prevenção primária e secundária do contexto das emergências, contribuindo para a área.

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