Intervenções cognitivo-comportamentais no câncer de mama: Relato de uma experiência


Seabra, R. C., Aguiar, M., Rudnicki, T. (2016). Intervenções cognitivo-comportamentais no câncer de mama: relato de uma experiência. Revista saúde e Desenvolvimento Humano, 4, 69-77. doi: 10.18316/2317-8582.16.20

Resenhado por Uquênia Lemos Brito

 O câncer de mama (CM) é a multiplicação desordenada de células anômalas que ocorre na região/glândula mamária, sendo predominante entre mulheres com faixa etária a partir dos 50 anos. O diagnóstico deste tipo de câncer é um dos mais temidos pelas mulheres, pois traz um forte estigma de morte, além de afetar a percepção da sexualidade, feminilidade e também provocar possíveis alterações psicológicas. Assim, o presente trabalho tem por objetivo apresentar o relato de uma experiência em prática clínica, com intervenções baseadas na terapia cognitivo-comportamental (TCC), visando a diminuição do sofrimento psíquico em função do CM e consequentemente o aumento da qualidade de vida da paciente.
O estudo traz o relato de uma paciente de 42 anos que durante o tratamento de câncer de mama apresentou ansiedade elevada e medo de morrer, sendo assim foi sido encaminhada à psicóloga de uma instituição para pacientes oncológicos. Inicialmente, foi explicado à paciente o modelo cognitivo e a inter-relação entre pensamento, emoção e comportamento. Logo após norteou-se o plano terapêutico com a utilização das seguintes técnicas: Psicoeducação, Relaxamento, Parada do Pensamento e Questionamento Socrático.
Para uma melhor compreensão dos processos psicológicos apresentados pela paciente, foram coletados dados através dos conteúdos das sessões e levantamento dos Inventários Beck de Depressão e Ansiedade (BDI e BAI). Em relação à sintomatologia depressiva os escores mantiveram-se estáveis e dentro da normalidade (escore: 10, nível mínimo), já a ansiedade mostrou uma redução significativa durante a psicoterapia, em que no 1° mês de atendimento obteve-se 28 pontos (nível moderado), no 6° mês 16 pontos (nível leve) e no 12º mês, sete pontos (nível mínimo). Os atendimentos foram realizados durante o período de 14 meses, totalizando 54 sessões.
A paciente também relatou a associação do surgimento do câncer com algumas questões emocionais vivenciadas e demonstrava intensa culpa. Nesta questão, a psicoeducação foi utilizada para trabalhar as possíveis causas reais do câncer. O treinamento de técnicas de relaxamento foi utilizado com intuito de reduzir os sintomas decorrentes do tratamento: indisposição, náuseas, dores e reações de ansiedade. Em relação ao pensamento catastrófico relacionado ao prognóstico (“medo de morrer”), utilizou-se a parada do pensamento aliada ao questionamento socrático, com a identificação dos dados clínicos da realidade. Desta forma foram percebidas as possibilidades reais de prognóstico, contribuindo para uma redução dos níveis de ansiedade. 
A TCC é uma abordagem que pode ser utilizada pela Psicologia da Saúde, pois se fundamenta cientificamente como uma abordagem terapêutica estruturada, diretiva, com curta duração de tempo, que apresenta metas claras e definidas pelo psicólogo e paciente. Sendo assim, pode ser eficaz para a Psicooncologia devido à urgência do manejo dos prejuízos emocionais causados pelo câncer de mama, promover o fortalecimento das estratégias de enfrentamento necessárias e, como consequência, gerar uma melhoria na qualidade de vida dos pacientes.

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