Revisão sistemática de instrumentos para avaliação de ansiedade na população brasileira

De Sousa, D. A., Moreno, A. L., Gauer, G., Manfro, G. G., Koller, S. H. (2013). Revisão sistemática de instrumentos para avaliação de ansiedade na população brasileira. Avaliação Psicológica, 12(3), 397-410.
Resenhado por Laís Santos
            A ansiedade, embora seja uma condição essencial para a vida humana impulsionando-as a agirem frente às adversidades, pode ser desproporcional ao evento estressor, gerando prejuízos que podem, consequentemente, levar ao surgimento dos chamados Transtornos de Ansiedade (TA). Além de serem os transtornos psiquiátricos mais comuns, os TA provocam mudanças significativas no cotidiano das pessoas, comprometendo, por exemplo, o trabalho e relacionamento social das mesmas. Quando não tratados adequadamente, os TA tendem a se cronificar e até mesmo se relacionar ao desenvolvimento de outros transtornos psiquiátricos, tais como a depressão. Com isso, salienta-se a importância de uma avaliação e tratamentos adequados, a fim de proporcionar melhor prognóstico e menos prejuízos para aqueles que sofrem com TA. Nesse sentido, faz-se necessário que profissionais clínicos e do meio acadêmico utilizem instrumentos de avaliação adequados durante todo o processo de rastreio e diagnóstico dos TA, assegurando assim resultados confiáveis. Dessa forma, o artigo em questão teve como objetivo avaliar, por meio de uma revisão sistemática da literatura, os instrumentos disponíveis para mensurar a ansiedade no contexto nacional.
            Foram realizadas buscas nas bases (Index Psi, PePSIC, SciELO, LILACS, PsycINFO e PUBMED) com o cruzamento dos termos ansiedade, pânico, fobia, preocupação ou medo e instrumentos, escala, teste, inventário, entrevista, questionário, checklist ou screen. Nas bases internacionais (PsycINFO e PUBMED), utilizaram-se os mesmos descritores traduzidos para o inglês, somados aos termos Brazil, Brazilia ou Portuguese. Não houve limitação de data para a seleção dos estudos. Como critério de inclusão primeiro, foram selecionados artigos cujo foco centrava-se em instrumentos de avaliação de ansiedade ou sintomas de ansiedade, através da leitura dos títulos e resumos dos documentos. Foram excluídos todos os estudos duplicados, estudos dos quais não foi possível acessar o texto completo nem o resumo, outras revisões, pesquisas que tinham como foco a avaliação de outros construtos que não a ansiedade, estudos com amostras não nacionais, e estudos que usaram instrumentos para aferir a ansiedade em não-humanos. Além disso, para ampliar o leque de medidas, incluíram-se testes psicológicos aprovados pelo Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI), bem como, a consulta a de duas pesquisadoras especialistas na área.  
A amostra final contou com 99 estudos, destes, 69 apresentavam instrumentos de avaliação, os quais foram analisados a partir de dois eixos: caracterização e evidências de adequação das medidas. Em geral, os instrumentos encontrados são frutos de adaptações transculturais, apresentam estilo psicométrico, são autoaplicados e adequados para diferentes faixas etárias e contextos. A maior parte das medidas apresentaram vários índices de validade e precisão elencados. No entanto,  em alguns casos não foi possível identificar nenhuma evidência de validade e precisão nos estudos, por exemplo, em relação à Escala de Ansiedade Pré-operatória de Yale Modificada (EAPY-m) e a Fear of Negative Evaluation Scale.

Por fim, cabe enfatizar a importância da produção de pesquisas como essa, que reúnam evidências práticas e claras a respeito do estado da arte de diversos temas da Psicologia, como neste caso, instrumentos de avaliação de ansiedade. Especificamente sobre a avaliação dos TA, ressalta-se a carência de formação contínua de profissionais e pesquisadores, tanto no que se refere aos sintomas e prognósticos, quanto, a etapa inicial de avaliação e identificação, etapa essa de fundamental importância para o seguimento das demais ações de prevenção e tratamento dos TA.

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