Terapia Racional Emotiva
Navas, J.J.R. (1981).
Terapia racional emotiva. Revista Latinoamericana de Psicología, 13,
75-83. Recuperado em 14 de abril de 2019, de https://www.redalyc.org/html/805/80513105/.
Resenhado por Maísa Carvalho
Desenvolvida por Albert Ellis em 1954, a
Terapia Racional Emotiva (TRE) é uma abordagem psicoterápica que está incluída
no rol das terapias cognitivo-comportamentais de segunda geração e possui como
objetivo principal intervir primeiramente nos distúrbios emocionais antes dos
problemas comportamentais. É fortemente influenciada pelas filosofias estoicas
e budistas, bem como por ideias advindas do neorracionalismo – que aplica a
lógica e a razão à ciência. Assim, acredita que o ser humano se comporta de
maneira racional e irracional, porém, apenas alcança emoções e comportamentos
saudáveis quando age e pensa racionalmente.
Diferente de outras abordagens de mesma linha,
a TRE postula que o pensamento e a emoção não são processos completamente
diferentes, mas sim que estão diretamente conectados, visto que o pensamento
costuma ser uma forma de distinção mais tranquila e menos dirigida que a
emoção, a qual ocorre mais ativamente. Ambos atuam em uma relação de causa e
efeito, em alguns momentos sendo a mesma coisa, de forma que o pensamento se
converte em emoção e a emoção se converte em pensamento. A partir dessa lógica,
considera-se que as emoções são sustentadas por cognições, pois o indivíduo
sempre está reforçando seus pensamentos e/ou ideias repetidamente através de
auto verbalizações e/ou conversas internas.
Para Ellis, a irracionalidade é qualquer
pensamento, emoção ou comportamento que leva a consequências auto derrotistas
ou autodestrutivas que podem interferir na felicidade do indivíduo ou,
inclusive, gerar transtornos mentais como ansiedade e depressão. O autor identificou
cerca de 11 crenças irracionais típicas sobre o ego, as pessoas e o mundo, que
giram em torno de pensamentos relacionados à alta exigência, catastrofização,
baixa tolerância à frustração e avaliação global do valor humano, as quais
levam a condutas desadaptativas. Em contrapartida, pessoas que pensam e gerem
suas emoções de maneira mais racional aceitam de modo mais tranquilo as
realidades da vida, se dedicam a trabalhos produtivos e se comportam de maneira
mais salubre em seus grupos sociais.
No que se refere aos aspectos técnicos desta
abordagem, o psicoterapeuta utiliza a teoria clássica do A-B-C, originada da própria
TRE, que sugere uma relação processual entre eventos ativadores, crenças
disfuncionais e consequências (emocionais ou comportamentais), respectivamente,
tendo como objetivo auxiliar o paciente a melhor compreender o caminho que
origina ao distúrbio emocional. Após essa análise, mostra-se ao indivíduo quais
são suas crenças irracionais, ensinando-o a analisa-las em termos mais
racionais e adaptativos, dando início ao processo de reestruturação cognitiva.
Assim como outras terapias
cognitivo-comportamentais, a TRE é considerada uma abordagem mais ativa e
diretiva tanto por parte do psicoterapeuta quanto do paciente, podendo
proporcionar ao indivíduo um trabalho árduo e de curto prazo para suas questões
emocionais. Com base nessa informação, torna-se possível pensar a atuação de
psicólogos clínicos e da saúde em serviços da rede pública, visto que, com
poucos recursos, consegue-se obter resultados rápidos e alcançáveis.
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