Medos associados à imagem corporal na adolescência: Desenvolvimento e validação da Escala de Ansiedade e Evitamento de Situações devido ao Peso e Aparência Física

Costa, A. R., Cunha, M., Palmeira, L., Couto, M., & Galhardo, A. (2018). Medos associados à imagem corporal na adolescência: Desenvolvimento e validação da Escala de Ansiedade e Evitamento de Situações devido ao Peso e Aparência Física. Revista Portuguesa de Investigação Comportamental e Social4(2), 3-15. doi: 10.31211/rpics.2018.4.2.68

Resenhado por Brenda Fernanda

A imagem corporal (IC) constitui-se da representação mental que o indivíduo constrói acerca de seu próprio corpo, com base no modo como ele se vê, se sente e se move. A IC é moldada pela percepção, sensações físicas e emoções, portanto, nunca é estática, pois muda de acordo com o humor, as experiências físicas e o contexto em que o indivíduo está inserido. Trata-se de um conceito multidimensional, sendo composta pelos domínios perceptivo, subjetivo e comportamental.
Atualmente, a preocupação com o peso e a aparência física exibe uma importância elevada, principalmente no que concerne à população adolescente. Essas preocupações podem desencadear desconforto, ansiedade e até evitamento de situações sociais em que a imagem corporal possa estar exposta. O aumento na satisfação corporal tem estado relacionado a índices elevados de autoestima, enquanto que uma autoimagem negativa (imagem real distante ou contrária aos pares) conduz a uma insatisfação corporal e consequentemente a altos níveis de ansiedade, afeto negativo, baixa autoestima e medo da rejeição. Diante do exposto, o objetivo do estudo foi desenvolver um novo instrumento para a população portuguesa, visando a avaliar os tipos de situações que provocam respostas de ansiedade e evitamento devido ao peso e à aparência física.
Fizeram parte da investigação 357 adolescentes, sendo 54,6% do sexo feminino. As idades variaram entre 12 e 18 anos, com média 14,69 (DP = 1,59). Utilizaram-se como instrumentos a Escala de Ansiedade e Evitamento de Situações devido ao Peso e Aparência Física (EAESPAF), a Body Image Victimization Experiences – Adolescent version (BIVES-A), a Body Image Shame Scale (BISS), e a Escala de Depressão, Ansiedade e Stress (DASS 21). No que concerne aos procedimentos, houve o processo de construção e desenvolvimento da EAESPAF, sendo realizado um estudo piloto com 20 participantes.
Quanto aos resultados, observou-se um valor adequado de consistência interna (α = 0,91) após realizar Análise Fatorial Exploratória. No que concerne à primeira subescala, a solução inicial indicava sete fatores que explicavam 59,9% da variância total da ansiedade. Após ajustes necessários em função das cargas fatoriais e comunalidades, o modelo final apresentou dois fatores que explicaram 47,89% da variância. A subescala de evitamento apresentava inicialmente oito fatores, que foram reduzidos também para dois após ajustes. As subescalas de ansiedade e evitamento apresentaram uma associação positiva entre si, de efeito grande (r = 0,76; p < 0,001). Também foram avaliadas a estabilidade temporal e a fidedignidade da escala, de modo que ambas as análises apresentaram resultados satisfatórios.
Por fim, destaca-se a importância de estudos de construção e validação de novos instrumentos, frente à necessidade de mensurar com precisão determinados construtos emergentes. Além disso, esses estudos e instrumentos fornecem evidências relevantes para intervenções que visem a promover saúde na população estudada.  

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