Cuidados paliativos e doença renal crônica em crianças: Um diálogo possível?
Fernandes, J. R., & Barbosa, L.
N. F. (2018). Palliative care and chronic kidney disease in children: A possible
dialogue?.Hospice & Palliative
Medicine International Journal, 2, 169-170.
Resenhado
por Gabriela de Queiroz
De acordo com a Organização Mundial
de Saúde, cuidado paliativo pode ser considerado uma filosofia de cuidados que,
através de atendimento multidisciplinar, prioriza a assistência humanizada a
fim de melhorar a qualidade de vida dos pacientes e suas famílias, diante de
uma condição que ameace a vida. Os profissionais atuam na prevenção e alívio do
sofrimento, desde a avaliação tratamento da dor e demais sintomas físicos,
sociais e psicológicos.
Os cuidados paliativos podem ser
aplicados a qualquer condição de adoecimento considerada restritiva, como por
exemplo, as demências, doenças degenerativas, cardíacas e pulmonares, câncer, além
da insuficiência renal crônica (IRC). A IRC é caracterizada pela perda
irreversível e progressiva das funções renais, que persistem por um período
igual ou superior a três meses, com ou sem lesão renal.
A IRC é uma condição clínica capaz
de interferir nas atividades diárias do indivíduo, desde atividades escolares e
laborais, até a ingestão de alimentos e líquidos, formando um conjunto de
fatores que produzem impacto negativo direto sobre a qualidade de vida do indivíduo.
Em crianças, a IRC pode ser ainda mais marcante, uma vez que afeta diretamente
uma fase do ciclo vital em que boa parte das descobertas e avanços do
desenvolvimento ocorrem. Portanto, são muitos os desafios dos cuidados
paliativos nessa fase, pois requer um diálogo constante entre paciente, família
e equipe multiprofissional, a fim de preservar a qualidade de vida das crianças
nos domínios físico, psicológico, social e espiritual.
O tratamento para IRC amparado pelos
cuidados paliativos deve ser orientado para o diagnóstico e tratamento precoce,
bem como para a implementação de medidas capazes de preservar a função renal no
início da doença. Assim, pode-se garantir maiores chances de sobrevida e melhor
qualidade de vida. Vale ressaltar que a assistência ofertada por uma equipe
multiprofissional é essencial para assegurar a preparação e apoio psicológico
aos pacientes e seus cuidadores no enfrentamento ao tratamento. O tratamento requer internações hospitalares frequentes e
muitas vezes prolongadas, especialmente devido à diálise, que é considerada a
melhor terapia renal substitutiva.
É importante considerar que a
convivência num ambiente hospitalar somada ao diagnóstico da IRC, podem causar
e agravar os danos psicossociais, ao desenvolvimento físico, cognitivo e também
neurológico das crianças e adolescentes em tratamento. Portanto, ressalta-se a
importância não apenas da inserção do cuidado paliativo junto aos tratamentos
propostos no campo da nefrologia, mas também a necessidade do psicólogo como
parte da equipe multiprofissional. Seu papel busca aliviar o sofrimento
emocional causado pela doença e auxiliar o paciente na busca de estratégias de
enfrentamento, mantendo o indivíduo com foco no tratamento (e não no seu
diagnóstico), o que visa, prioritariamente, à melhora de sua qualidade de vida.
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