Adaptação e evidências de validade da Escala de Respostas Ruminativas no Brasil
Zannon, C., Dellazanna-Zanon, L., & Junior, E.
(2018). Adaptação
e evidências de validade da Escala de Respostas Ruminativas no Brasil. Avaliação Psicológica, 17(2), 170-179.
Resenhado
por Mariana Serrão
A ruminação é
entendida como um conjunto de pensamentos que focam a atenção nos sintomas
depressivos e nas implicações e consequências desses sintomas. Além da
depressão, os pensamentos ruminativos se relacionam com a ansiedade,
comportamento agressivo, compulsão alimentar, bem como abuso de substâncias em
jovens e adultos. A ruminação é considerada uma estratégia de regulação
emocional inadequada que pode manter ou iniciar sintomas depressivos e predizer
futuros sintomas ansiosos.
Devido à
importância da variável ruminação nos transtornos mentais, o presente trabalho
buscou adaptar a Escala de Respostas Ruminativas (RRS) para o Brasil. Para o estudo da ruminação, esse instrumento é o mais
amplamente difundido e utilizado, com seus 22 itens que medem a tendência de
ruminação em resposta ao humor deprimido. Posteriormente essa escala foi
reavaliada e foi feita uma nova versão com apenas 10 itens (Escala de Resposta
Ruminativa - versão reduzida) divididas em dois fatores: cisma e reflexivo. Além
da adaptação da escala o estudo buscou verificar também a relação entre
ruminação, crenças irracionais, depressão, ansiedade e estresse, por meio do
teste de correlação de Pearson.
Em
relação à adaptação da escala, a amostra foi considerada adequada para a
análise fatorial, com índices satisfatórios. Entretanto existem diferenças
dessa solução para a original, o que sugere que a solução verificada no
contexto brasileiro pode não ser idêntica à original americana. Na versão em
português do Brasil, a escala RRS na sua versão reduzida, poderia ser
apresentada com sete itens ao invés de 10.
No que
diz respeito ao teste de correlação, percebeu-se uma relação positiva entre
ruminação, ansiedade, depressão e estresse, principalmente, quando comparado
com o fator cisma, que é considerado o fator não adaptativo da ruminação.
Contudo, mesmo em números menores a
reflexão também se associou aos outros construtos. Esse resultado demonstra que
mesmo sendo considerado mais adaptativo, pensar sobre os sintomas depressivos
ou estados de humor negativo pode se tornar uma estratégia pouco funcional, visto
que o foco na atenção das causas e consequências dos sintomas depressivos ou
ansiosos pode acabar intensificando o estado de humor desagradável.
Os
resultados referentes às crenças irracionais demonstraram relação positiva com
o fator cisma, ao passo que o fator reflexivo essa relação não foi
significativa. As crenças cognitivas do indivíduo sofrem interferência de sua
resposta ruminativa, reforçando crenças irracionais e confirmando as verdades do
indivíduo acerca de si mesmo. Diante disso, percebe-se a importância do
psicólogo para auxiliar o indivíduo na identificação dessas crenças e mudança
de conteúdo delas quando necessário.
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