Depressão na esquizofrenia: Prevalência e relação com a qualidade de vida

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Cardoso, C. S., Caiaffa, W. T., Bandeira, M., Siqueira, A. L., Silva, J. T. D., & Fonseca, J. O. P. (2007). Depressão na esquizofrenia: Prevalência e relação com a qualidade de vida. Cadernos de Saúde Pública23, 2035-2048. Recuperado de: https://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S0102-311X2007000900012&script=sci_abstract

Resenhado por Mariana Menezes

Sintomas depressivos estão estreitamente relacionados com baixa qualidade de vida em pacientes com esquizofrenia. Estima-se que cerca de 60% dos pacientes com esquizofrenia podem desenvolver pelo menos um episódio depressivo maior ao longo de sua doença, porém, metade dos casos de depressão não são detectados. A comorbidade entre depressão e esquizofrenia está associada a vários aspectos negativos do desfecho clínico, tais como aumento do risco de suicídio, piora no funcionamento psicossocial, aumento de recaídas, hospitalizações mais prolongadas, pior resposta à medicação e cronicidade.
O objetivo do artigo foi estabelecer a prevalência pontual de depressão na esquizofrenia investigando os fatores associados e sua relação com a qualidade de vida. Para tanto, foram entrevistados 150 pacientes que se encontravam em acompanhamento ambulatorial de um Serviço de Referência em Saúde Mental de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Na pesquisa, de caráter transversal, foram utilizados os seguintes instrumentos: um questionário contendo informações sociodemográficas e clínicas, a escala de depressão na esquizofrenia (ECDE) e  a QLS-BR (para avaliação da qualidade de vida e que foi desenvolvida especificamente para pacientes com esquizofrenia).
Foi encontrada alta prevalência de depressão em pacientes ambulatoriais com diagnóstico de esquizofrenia e quadro estável. A prevalência de depressão maior diagnosticada pela ECDE foi de 56% (IC95%: 47,7-64,0), totalizando 84 pacientes. Indicadores clínicos e ocupacionais, como relato de sintomatologia, maior duração da doença, uso de maior número de medicamentos e ausência de atividades no lar, mostraram-se associados com a maior gravidade da sintomatologia depressiva nestes pacientes.
Ainda, foi evidenciada importante relação entre depressão e baixa qualidade de vida, principalmente no domínio ocupacional, em que pacientes com depressão mostraram-se menos realizados, insatisfeitos, subutilizados no tempo e em sua capacidade para o trabalho. Também apresentaram-se com baixos escores de qualidade de vida nas relações familiares, menos motivados e com baixa capacidade de sentir prazer na vida, quando comparados com pacientes sem depressão.
Além disso, analisando-se a distribuição dos escores da escala de depressão utilizada (ECDE) observou-se que, no grupo de pacientes com depressão maior, a presença de humor deprimido, tentativa de suicídio, desesperança, autodepreciação e depressão matutina foram frequentes e coerentes com outros resultados da literatura. Chama a atenção o grande percentual de pacientes com tentativa de suicídio encontrado neste estudo (58% da amostra).
Diante do exposto, os resultados desta pesquisa têm implicações importantes para o tratamento de pacientes com esquizofrenia, uma vez que confirma que a depressão é comum nesse grupo e aponta para uma estreita relação entre depressão e baixa qualidade de vida. Trata-se de um trabalho de relevância para a Psicologia da Saúde uma vez que forneceu conhecimentos acerca de questões relacionadas à saúde mental, o que pode contribuir para orientar possíveis intervenções junto à população pesquisada.

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