Atualização no tratamento do transtorno bipolar: O impacto da psicoeducação familiar

Souza, A. B. R., Almeida, C. G. S., Oliveira, C. C. M., Machado, D. C. A., Ruckl, S., & Andrade, V. A. (2018). Atualização no tratamento do transtorno bipolar: O impacto da psicoeducação familiar. Revista Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental1(3), 11-17.

Resenhado por Sara Andrade

O Transtorno Bipolar é caracterizado por alternância de episódios depressivos e hipomaníacos/maníacos com diversos graus de intensidade a cada ocorrência. É um transtorno crônico, associado com alto índice de exclusão familiar e incapacidade para a vida social. Sua base genética é claramente  estabelecida, sabendo-se hoje que pelo menos 50% das pessoas acometidas por ele tem pelo menos um parente afetado, e que filhos têm maiores chances de desenvolvê-lo.
Dentre as formas de tratamento estão a medicação e a psicoterapia individual. Os pacientes com transtorno bipolar que fazem uso da psicoterapia, são estimulados por meio da psicoeducação a aprenderem a lidar com a doença. Tanto os pacientes quanto os familiares são informados sobre aspectos essenciais do adoecimento e tratamento.
Também é possível aprender a identificar sintomas e sinais de alarme para ocorrência de episódios, bem como aprender a gerir melhor as possíveis situações de ansiedade e estresse, que ao ocorrer em família podem desencadear as crises. A família informada sobre a doença tende a lidar melhor com ela, assim como reforçar a importância do uso da medicação, tornando-se mais preparada para um tratamento em longo prazo.
O objetivo do estudo foi realizar uma revisão (entre 2005 e 2018) acerca do impacto da psicoeducação familiar na adesão ao tratamento do paciente com transtorno bipolar. Foram utilizadas as bases de dados: PubMed, Lilacs, Web of Science, Science Direct e Scopus. Como resultados foram encontrados 542 artigos disponíveis; 29 foram selecionados para o estudo. Outros três artigos indicados por especialista também foram utilizados. Segundo os estudos, os pacientes com transtorno bipolar devem ser tratados com terapia medicamentosa associada à psicoterapia. A maioria dos estudos mostrou que o tratamento convencional associado à psicoeducação ocasionou redução das taxas de recaídas e internamentos, sendo que programas de longo prazo geraram melhores resultados. Na comparação entre psicoterapia de apoio e psicoterapia familiar houve benefício apenas nos pacientes que receberam esta última intervenção.
Por fim, se percebeu que embora o papel do tratamento farmacológico esteja bem estabelecido para o paciente, na literatura quase todos os artigos pesquisados afirmaram que a psicoeducação familiar, se for associada à medicação, pode auxiliar na detecção precoce dos sinais de alerta das crises, reduzir internamentos e possibilitar a diminuição das medicações utilizadas. A Psicologia da Saúde é um campo de atuação que abrange o estudo de grande quantidade de doenças e transtornos, o que acaba sendo benéfico para que o profissional da saúde venha a ter compreensão ampla de problemas como o transtorno bipolar, que se estende não só como disfuncionalidade para as pessoas acometidas, mas também para os familiares. A compreensão de teorias e técnicas como a psicoeducação familiar amplia a eficácia do tratamento para o transtorno bipolar, bem como permite que novas técnicas sejam testadas e desenvolvidas já que é um adoecimento que se estende ao longo do ciclo vital.

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