Instrumentos baseados em Psicologia Positiva no Brasil: Uma revisão sistemática


Pires, J. G., Nunes, M. F. O., & Nunes, C. H. S. D. S. (2015). Instrumentos baseados em psicologia positiva no Brasil: Uma revisão sistemática. Psico-USF20(2), 287-295. doi: 10.1590/1413-82712015200209.

Resenhado por Daiane Nunes

A Psicologia Positiva é um campo da Psicologia que propõe o estudo científico das forças e virtudes próprias do indivíduo, com foco numa perspectiva apreciativa em relação ao potencial, motivação e capacidades humanas. A Psicologia Positiva surgiu na década de 1990, com intuito de mudança do foco das pesquisas e intervenções da Psicologia Tradicional, que abordavam principalmente os aspectos desadaptativos, patológicos e negativos, em detrimento dos aspectos positivos. A área estuda os processos e construtos positivos, incluindo a qualidade de vida, otimismo, esperança, autoeficácia, bem-estar subjetivo, entre outros. Considerando as incipiências de evidências sobre os fenômenos investigados, em especial, voltados para os estudos de construção e validação de instrumentos no Brasil, o presente estudo teve como objetivo realizar uma revisão sistemática acerca dos instrumentos baseados na Psicologia Positiva no país.
Foram incluídos na amostra trabalhos científicos completos e brasileiros que abordassem construção, adaptação, validação ou aplicação de algum instrumento relacionado à Psicologia Positiva. Foram excluídos estudos repetidos, descritos de forma incompleta (resumos), com origem em outros países, sem a utilização de algum instrumento relacionado à Psicologia Positiva e outras revisões da literatura. Aplicando-se tais critérios, restaram 49 estudos na amostra. Para análise dos dados, construiu-se um protocolo com 14 categorias, a saber: ano de publicação, região geográfica, categoria da instituição de Ensino Superior (IES), área de concentração do primeiro autor, fenômeno abordado, contexto de aplicação, instrumentos utilizados, quantidade de participantes, material de coleta de dados, tipos de estudo, revista de publicação e qualis da revista.
Os estudos foram realizados entre os anos de 2000 e 2014, com pico de publicação no ano de 2008 (n = 9) e maior concentração nas regiões sudeste (n = 26) e sul (n = 18). A respeito da faixa etária dos participantes, a maioria consistiu em amostra de adultos (n = 22) e o contexto de predominância foi o acadêmico (n = 22). No total, foram encontrados 34 fenômenos distintos, contudo, houve maior frequência de oito construtos, incluindo qualidade de vida, resiliência, coping, bem-estar subjetivo, satisfação com a vida, autoeficácia, criatividade e bem-estar espiritual. Foram identificados 67 instrumentos baseados na Psicologia positiva, contudo, observou-se predominância da Escala de Autoestima de Rosenberg, o WHOQOL – Bref, a Escala de Bem-Estar Subjetivo – EBES, a Escala de Satisfação Conjugal, a Escala de Bem-Estar Espiritual, a Escala de Satisfação de Vida para Crianças e a Escala de Satisfa­ção no Trabalho.
De modo geral, observou-se um aumento de estudos na área, bem como na construção e na adaptação de instrumentos. Esses achados representam um avanço para a Psicologia Positiva nos estudos sobre seus fenômenos e para a Psicologia da Saúde que também está interessada em entender os processos adaptativos dos indivíduos frente às adversidades e desafios ao longo da vida.

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