Tratamento do transtorno delirante persistente

6 years ago
Baldaçara, L., Borgio, J. G. F., (2009). Tratamento do transtorno delirante persistente. Arquivos Médicos dos Hospitais e Faculdades de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, 54(2), 56-61.

Resenhado por Iracema R. O. Freitas

O transtorno delirante persistente (TDP), antes conhecido como paranoia,  por se tratar de um termo vago e aplicado inapropriadamente, foi alterado no DSM-III. O TDP possui como característica clínica de maior destaque os delírios (falsas crenças) de longa duração, não podendo ser caracterizados como transtorno orgânico, esquizofrênico ou de humor. Não há uma precisão quanto aos fatores genéticos do TDP, características de personalidade e circunstâncias de vida que possam ser considerados como desencadeadores ou determinantes do transtorno delirante persistente. O diagnóstico de TDP se caracteriza por delírios bem sistematizados, em 90% dos casos são delírios persecutórios, seguido de delírios de referência, controle, grandiosidade, hipocondríaco, erotomaníaco, de ciúmes, religioso, entre outros que tornam os pacientes hipervigilantes, quadro que pode levar ao isolamento social.  Os fatores de risco associados ao TDP são: o sexo feminino, deficiência auditiva, deficiência visual, isolamento social, ser solteiro e história famíliar. As mulheres, após os 40 anos, são o maior público acometido. Entre os idosos, a prevalência relatada varia de 0,1 a 4%, tendo início por volta dos 60 anos. Quanto à comorbidade, o TDP tem sido associado com transtorno depressivo ou também com presença de sintomas depressivos não configurando transtorno de humor maior.
Esse estudo realizou uma revisão não sistemática de artigos utilizando os seguintes termos: “delusional disorder”, “treatament” e “antipsychotics”. Os resultados sobre antipsicóticos apontaram que essas medicações têm um valor secundário, mas que a resposta ao tratamento é positiva quando há um tratamento adequado. Sobre a psicoterapia, o levantamento destacou o tratamento com a terapia cognitivo comportamental e concluiu que as terapias individuais são mais efetivas do que em grupo. Sobre o prognóstico, os desfechos foram classificados em três categorias: recuperado (quando o paciente deixa de apresentar seus sintomas), melhorado e não melhorado (quando os sintomas dos pacientes não mudaram). Os fatores para um bom prognóstico abrangem a resposta imediata ao tratamento, noção de doença, ser mais jovem, ser casado, ter suporte psicológico, social e ocupacional.
De acordo com a American Psychological Association (APA), a psicologia da saúde tem por objetivo compreender como os fatores biológicos, comportamentais e sociais influenciam na saúde e na doença. Dado o levantamento realizado nesse estudo, o TDP deve receber tratamento adequado, considerando todas as varáveis envolvidas como relevantes para o resultado positivo. Apesar dos problemas quanto à adesão, as amostras pequenas e poucos estudos controlados, os relatos de casos permitem concluir que o paciente necessita de cuidado diferenciado, por se tratar de um quadro em que realidade e delírio podem interferir no trabalho dos profissionais.

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