Esquizofrenia refratária: Qualidade de vida e fatores associados
Freitas, P. H. B., Pinto, J. A. F., Nunes, F. D. D., Souza,
A. R. S.. & Machado, R. M. (2016). Esquizofrenia refratária: Qualidade de
vida e fatores associados. Acta Paulista de Enfermagem, 29(1), 60-68.
Resenhado por Michelle Leite.
A qualidade de vida é um conceito relacionado
ao bem estar subjetivo e a componentes biológicos e psicológicos, tais como bem
estar emocional, consciência das próprias capacidades e incapacidades, sono
adequado e satisfação geral da vida. É um construto amplo e multifacetado,
afetado de forma clara e complexa pelas condições de doenças graves e persistentes.
A esquizofrenia se encaixa nesse rol, cuja gravidade, duração, efeitos
colaterais dos medicamentos, estigma e muitos outros fatores influenciam na
qualidade de vida dos esquizofrênicos.
A esquizofrenia refratária é um subtipo mais
grave de esquizofrenia e caracteriza-se pela ausência da melhora dos sintomas
da doença mesmo após o tratamento com dois antipsicóticos de classes
diferentes, em doses adequadas, durante um determinado período de tempo. Para
esses pacientes, opta-se pelo uso da clozapina,
antipsicótico atípico considerado padrão ouro para esses casos. No entanto, esse
medicamento está atrelado ao desenvolvimento da síndrome metabólica como efeito
colateral. Essa síndrome caracteriza-se pelo aumento de peso, dislipidemia,
intolerância à glicose, resistência à insulina e hipertensão arterial.
O objetivo do artigo foi realizar um estudo
para analisar a qualidade de vida de pessoas com esquizofrenia refratária em
uso de clozapina e seus fatores associados. O estudo foi realizado com 72
pacientes com esquizofrenia refratária em uso de clozapina, maiores de 18 anos
e de ambos os sexos. A coleta ocorreu no Centro de Atenção Psicossocial da
região oeste de Minas Gerais. Os instrumentos utilizados foram: a escala Quality of Life Scale, um questionário
sociodemográfico e exames laboratoriais para mensuração da síndrome metabólica.
Verificou-se que o escore global da escala de
qualidade de vida indicou qualidade comprometida, com maior comprometimento no
domínio rede social. O domínio das relações afetivo-sexuais e interpessoais
apresentou comprometimento acentuado. Além disso, possuir filhos, ter renda
familiar acima de três salários mínimos e praticar atividades físicas estiveram
associados a uma melhor qualidade de vida. Em relação ao fator clínico, a
síndrome metabólica não esteve associada à qualidade de vida.
Avaliar a qualidade de vida do paciente com
esquizofrenia é essencial para a definição e o estabelecimento de intervenções e
políticas voltadas para esse grupo, sobretudo para os pacientes mais graves,
que são os que possuem o subtipo refratário. Outrossim, apesar das análises
deste estudo terem negado a associação entre a síndrome metabólica e a
qualidade de vida, pesquisas longitudinais importantes já atestaram a relação
da síndrome com o risco de doenças cardiovasculares. Dessa forma, são
necessários o planejamento e a implementação de estratégias para minimizar o
risco de alterações metabólicas e melhorar a adesão ao tratamento e a qualidade
de vida dos indivíduos.
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