Satisfação com o suporte social e qualidade de vida dos doentes com esquizofrenia

Pinho, L. G. D., Pereira, A., Chaves, C., & Rocha, M. D. L. (2017). Satisfação com o suporte social e qualidade de vida dos doentes com esquizofrenia. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, (SPE5), 33-38. doi: 10.19131/rpesm.0164 
Resenhado por Geovanna Turri

A esquizofrenia, como doença mental grave, traz consequências danosas para a qualidade de vida dos doentes. Dentre elas, na maioria dos casos, há um escasso apoio social, especialmente pelas características que estão inerentes a sua sintomatologia. Os autores narram que o suporte social é um conceito multidimensional que engloba um conjunto de interações sociais, estando incluídos o casamento, a paternidade e outros laços íntimos, as amizades, as relações com os colegas de trabalho e com os vizinhos ou conhecidos e as relações com as associações religiosas, culturais, sociais, etc. Dessa forma, o apoio social ajuda o indivíduo a mobilizar os seus recursos físicos ou psicológicos. Sendo o suporte social uma das variáveis de redução do impacto das perturbações mentais como a esquizofrenia, torna-se importante perceber a associação entre este e a qualidade de vida. Diante disso, o objetivo geral do presente trabalho foi avaliar a influência da satisfação com o suporte social na qualidade de vida dos doentes com esquizofrenia.
Para isso os autores entrevistaram 282 participantes com o diagnóstico de esquizofrenia pertencentes a várias instituições de norte a sul de Portugal Continental. Foram utilizados os seguintes instrumentos: Questionário de dados sociodemográficos, Escala de Qualidade de Vida QLS7PT e Escala de Satisfação com o Suporte Social (ESSS). O estudo tem um caráter transversal com análises de regressão linear simples que avaliaram a correlação entre as variáveis.
Os dados apresentaram resultados estatisticamente significativos entre os valores da QLS7PT e a satisfação com o suporte social total (p < 0,001), a satisfação com os amigos (p < 0,001), com a intimidade (p < 0,001) e com as atividades sociais (p = 0,008). Não se obtiveram resultados estatisticamente significativos entre a QLS7PT e a satisfação com a família (p = 0,294). Os resultados sugerem que quanto maior a satisfação com o suporte social, maior a qualidade de vida. Torna-se crucial, portanto, a implementação de intervenções em saúde mental que promovam as relações interpessoais não só dentro do grupo terapêutico, mas também na comunidade.
Finalmente, entende-se que este estudo é de grande relevância para a prática clínica de atenção à saúde pública dado que alerta os profissionais de saúde para a necessidade de implementar intervenções direcionadas para a promoção de atividades sociais satisfatórias. Tais atividades devem promover a interação social dos indivíduos com esquizofrenia com outros elementos da sociedade, permitindo alargar a rede social de suporte. A psicologia da saúde, nesse cenário, auxilia no entendimento e direcionamento de intervenções que devem fazer parte dos programas de reabilitação psicossocial, tanto na saúde pública, como na saúde privada.

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.