Estudo sobre práticas de cuidado em saúde mental na Atenção Primária: o caso de um município do interior do estado do Rio de Janeiro

Campos Júnior, A., & Amarantes, P. D, C. (2015). Estudo sobre práticas de cuidado em saúde mental na Atenção Primária: O caso de um município do interior do estado do Rio de Janeiro. Caderno de Saúde Coletiva, 23(4), 425-435. doi: 10.1590/1414-462X201500040226
Resenhado por Claudia Mara

O programa de Estratégia de Saúde da Família (ESF) foi pensado como alternativa ao modelo Biomédico, até então prevalente na saúde. O seu processo de trabalho segue uma organização de equipe e mapeamento do território. A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece a dimensão psicossocial dos indivíduos e a problemática que envolve a saúde mental e, diante disso, compreende a dificuldade de focar os atendimentos em apenas um especialista. Atualmente, a OMS reconhece a saúde numa perspectiva integral.
O presente estudo teve como objetivo compreender como eram realizadas as abordagens das demandas em saúde mental nas unidades de saúde. Ele foi desenvolvido através de uma pesquisa de campo qualitativa, com caráter exploratória-descritiva. Participaram do estudo sete médicos de três unidades sediadas no ambiente urbano e no município do interior do Rio de Janeiro. O instrumento utilizado foi uma entrevista semiestruturada, feita com os profissionais de diversas especialidades médicas.
Os resultados encontrados fizeram referência à práxis de cuidado em saúde mental do território e consistem em consultas clínicas nas unidades e visitas domiciliares. Notou-se que, na fala de alguns profissionais, há insegurança e incompreensão no diagnóstico do campo da saúde mental. Na dimensão dada ao tratamento psicofarmacológico, os profissionais não sentiam segurança para as situações que envolvem saúde mental. Na atenção psicossocial provida pela ESF, em consonância com os aspectos da Reforma Psiquiátrica, percebeu-se que o processo saúde-doença atende ao modelo de clinica individual, contrário ao modelo proposto de atenção psicossocial.
Em síntese, os resultados demonstraram que os médicos entrevistados apresentam uma formação acadêmica fragmentada e com olhar ao contexto hospitalar, dificuldades de reconhecer as necessidades do território e as visões subjetivas das comunidades, falta de compreensão em relação ao contexto familiar no perfil saúde-doença dos usuários da Rede de Atenção Primária. Essas características interferem no olhar do campo da saúde mental dentro ESF.

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