Estratégias de redução de danos no uso prejudicial de álcool e outras drogas: Revisão de literatura
Gomes, T. B., Vecchia,
M. D. (2018). Estratégias de redução de danos no uso prejudicial de álcool e
outras drogas: Revisão de literatura. Revista
Ciência & Saúde Coletiva, 23(7),
2327-2338. doi: 10.1590/1413-81232018237.21152016.
Resenhado por Renata
Elly
As drogas
alcançaram status comercial e regulação econômica em âmbito estatal,
distinguidas entre drogas ilícitas e lícitas a partir de critérios culturais,
econômicos e políticos. O insucesso das intervenções proibicionistas para o
consumo de substâncias psicoativas é atestado com o aumento do narcotráfico e
do consumo de drogas. Nesse tipo de intervenção o usuário de droga é
compreendido a partir de duas esferas: criminal e patológica. Os autores
apontam que essa estigmatização é a responsável pelas barreiras na inclusão
social e no próprio tratamento.
A Política de
Redução de Danos (PRD) é uma abordagem considerada menos custosa e mais efetiva
quando comparada às abordagens tradicionais. Um dos principais pontos dessa
prática é partir da singularidade do sujeito e de seus direitos enquanto
cidadão, visando a autonomia e emancipação em contraponto à medicalização da
assistência.
O presente estudo
utilizou como metodologia a metassíntese, uma modalidade de pesquisa
qualitativa que se desenvolve em quatro etapas. A primeira diz respeito à
definição da amostra e ao delineamento de um objeto de estudo. Na segunda fase,
realizam-se leituras minuciosas para levantamento dos primeiros resultados. Na
terceira etapa são caracterizados os principais temas e subtemas e elaboração
de uma síntese inicial dos resultados. Por fim, a última etapa, o pesquisador
descreve o fenômeno e redige a síntese dos resultados encontrados.
Os achados
indicaram que no que tange ao financiamento, várias experiências relatadas nos
artigos encontrados recorrem ao orçamento público, vinculando as políticas de
RD às políticas públicas de saúde, assistência social e segurança. A maioria
das estratégias teve como população-alvo pessoas em situação de vulnerabilidade
social. Nas estratégias adotadas, a troca ou fornecimento de seringas é
considerada uma das práticas de RD mais utilizada, isso se dá pelo seu baixo
custo em relação a outros dispositivos, além da comprovada eficácia. O serviço
de troca de seringas está associado a uma gama maior de atividades junto dos
usuários, tais como ações informativas, aconselhamento e testagem para o vírus
HIV, dentre outros. Um dos fatores negativos apontados pelos usuários para o
acesso as práticas de RD é o assédio da polícia próximo a esses ambientes, gerando
medo e desconforto. As salas de uso protegido são, também, uma alternativa para
o consumo, reduzindo fatores de risco comuns nas cenas de uso.
Serviços de
informação e aconselhamento são parte integrante da maioria das estratégias de
RD. As informações preventivas também são difundidas por meio de materiais
impressos que acompanham, usualmente, os insumos fornecidos, como é o caso das
seringas, cachimbos e os kits de RD. As informações podem ser repassadas
individualmente, bem como em grupos, as realizadas entre usuários e ex-usuários
é indicada como a forma mais eficiente de se oportunizar troca de
conhecimentos. Apesar dos bons resultados, muitas barreiras ainda são
encontradas em sua implantação, devido a valores morais e opções políticas. A
psicologia da saúde pode auxiliar
nas intervenções, promovendo adesão às orientações, na promoção de pesquisas e
estratégias de enfrentamento.
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