Prevalência de depressão e fatores associados em mulheres atendidas pela Estratégia de Saúde da Família

Gonçalves, A. M. C., Teixeira, M. T. B., Gama, J. R. de A., Lopes, C, S., Silva, G. A., Gamarra, C. J., Duque, K. de C. D., & Machado, M. L. S. M. (2018). Prevalência de depressão e fatores associados em mulheres atendidas pela Estratégia de Saúde da Família. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 67(2), 101-9.
Resenhado por Ariana Moura

Os transtornos depressivos constituem um grave problema de saúde pública devido a sua alta prevalência, repercussões na saúde geral e impacto psicossocial. Segundo o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-V) entre os critérios para o diagnóstico da depressão estão: estado deprimido; anedonia: interesse diminuído para realizar as atividades de rotina; sensação de inutilidade; dificuldade de concentração; fadiga ou perda de energia; insônia ou hipersonia; agitação ou retardo psicomotor e/ou perda ou ganho significativo de peso na ausência de regime alimentar.
            Um Relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontou que o número de casos de depressão aumentou 18% entre 2005 e 2015: são 322 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo a maioria mulheres. No Brasil, a depressão atinge 11,5 milhões de pessoas (5,8% da população). Em ambulatórios de Atenção Primária, a prevalência de depressão estimada nos pacientes foi de 5% a 10%, e apenas um em cem cita a doença como motivo da consulta. Viu-se, ainda, que em até 50% das vezes o problema não é detectado pelos profissionais. Estudos estabeleceram correlação entre estado depressivo e piora de quadros clínicos, tais como, cardiopatias, diabetes, obesidade e problemas oncológicos e ainda associação significativa entre depressão na maternidade, problemas no desenvolvimento infantil e piora no rendimento escolar.
O objetivo desta pesquisa foi avaliar a prevalência de depressão e os fatores associados em mulheres de 20 a 59 anos, nas áreas cobertas pela equipe de Estratégia de Saúde da Família do município de Juiz de Fora-MG. Trata-se de um estudo transversal com captação domiciliar e coleta de dados realizada em duas Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS). O questionário foi aplicado por profissionais previamente capacitados. A depressão foi avaliada por meio do Questionário de Saúde do Paciente (PHQ-9).
Nos resultados observou-se que 19,7% da amostra tinha depressão e a prevalência do evento foi maior (22,4%) na faixa etária de 50 a 59 anos. Verificou-se que as mulheres com cor da pele branca apresentaram maior prevalência de depressão em comparação as mulheres com cor da pele preta. No que se refere à situação conjugal, constatou-se que as mulheres solteiras ou sem companheiro apresentaram maior prevalência de depressão. Quanto à escolaridade, viu-se uma relação inversa com a ocorrência do desfecho, isto é, quanto menor escolaridade, maior a probabilidade de ocorrência de depressão.
            Vários estudos epidemiológicos sustentam a informação de que a depressão é aproximadamente duas vezes mais prevalente em mulheres do que em homens. Os mesmos estudos têm buscado aferir fatores explicativos para essa diferença e apontam como fatores relevantes as diferenças fisiológicas e hormonais, baixo nível de escolaridade, baixa renda, questões socioculturais, além de diferentes formas de lidar com situações estressoras.
A depressão é um transtorno mental de alta prevalência e se apresenta como uma das principais causas de incapacitação no mundo, limitando o funcionamento físico, pessoal e social. Desse modo, estudar os fatores de risco, bem como observar os fatores protetivos para a depressão, a fim de conhecer as características próprias do transtorno e elaborar estratégias de prevenção, está na pauta de interesses da Psicologia da Saúde.

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