Evidências de eficácia da terapia cognitivo-comportamental na esquizofrenia
Barreto, E.M.P., & Elkis,
H. (2007). Evidências de eficácia da terapia cognitivo-comportamental na
esquizofrenia. Revista de
Psiquiatria Clinica, 34(supl. 2), 204-207.
Resenhado por Keylla
Carvalho
A
esquizofrenia é um transtorno mental grave, altamente incapacitante,
caracterizado por pensamentos e/ou experiências que fogem da realidade,
discurso desconexo, comportamento desorganizado, alucinações e delírios, com
diversos graus de intensidade durante as crises psicóticas. É uma doença
bastante prevalente entre os transtornos psiquiátricos, infelizmente sendo alvo
de muito preconceito na sociedade em geral. Sua causa é multifatorial, podendo
ser: genética, ambiental e derivada de alterações químicas cerebrais.
O
objetivo deste estudo foi apresentar os principais estudos clínicos, revisões
sistemáticas e meta-análises nas quais a terapia cognitivo-comportamental foi
utilizada no tratamento da esquizofrenia, bem como as principais técnicas
utilizadas. Foram utilizadas as seguintes bases de dados: Web of Science,
Lilacs, Pubmed, Medline, Scopus e Cochrane, foram analisados 09 estudos de
países diferentes.
Durante
muito tempo a forma mais eficiente de tratamento para pacientes com
esquizofrenia foi o uso de medicação antipsicótica e outras medicações
combinadas. Porém, recentemente pesquisas vêm demonstrando que o tratamento
medicamentoso quando associado a intervenções relacionadas a terapia
cognitivo-comportamental, há uma redução no índice de recaídas, diminuição na
intensidade dos delírios e alucinações, e aumento na qualidade de vida do indivíduo.
A TCC propõe novas alternativas para as crenças delirantes utilizando áreas
intactas do seu psiquismo visando diminuir o impacto de tais pensamentos na
vida do indivíduo e reduzindo a angústia que estes trazem.
No tratamento
cognitivo-comportamental três técnicas tem sido mais estudadas pela literatura
cientifica, a saber: técnica de normalização (propõe relacionar a história de
vida do indivíduo com o conteúdo delirante, buscando entender suas
vulnerabilidades e desenvolver um processo de adaptação); técnica do reforço
das estratégias de enfrentamento (entende que os sintomas psicóticos assumem
significado somente quando acompanhados por uma reação emocional e estas podem
ser manipuladas através de reestruturação cognitiva e experimentos comportamentais)
e a técnica dos módulos (que utiliza um roteiro estruturado de seis partes que
visa estabelecer aliança terapêutica e fazer uma avaliação detalhada com
técnicas cognitivas e comportamentais).
Os resultados deste
estudo constataram que a TCC tem se mostrado como uma das técnicas de mais alta
eficácia associada a terapia medicamentosa no tratamento da esquizofrenia. Principalmente
em pacientes que apresentam sintomas claramente definidos e que reconhecem a
interferência desses sintomas em suas vidas, há um aumento na percepção de sinais e sintomas que são gatilhos para novas
crises e um melhor gerenciamento de crises já instaladas.
Finalmente,
as evidências dessa forma de tratamento têm tornado a TCC aceita como parte
integrante do tratamento para a esquizofrenia e se mostra relevante para a
psicologia da saúde. Essa recomendação torna clara a aplicação da TCC como mais
uma opção de tratamento para pacientes refratários, buscando diminuir o aumento
gradativo das dosagens das medicações por meio do controle dos sintomas.
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