Atividade física como adjunto terapêutico para pacientes psiquiátricos com adoecimento mental severo: Revisão da literatura


Zago, M. C., & Padilha, B. M. (2017). Atividade física como adjunto terapêutico para pacientes psiquiátricos com adoecimento mental severo: Revisão da literatura. Psicologia em Revista, 23(2), 609-625.

Resenhado por Joelma Araújo

A prática de atividade física (AF) por indivíduos submetidos a tratamento psiquiátrico é discutida por estudiosos como estratégia de prevenção a patologias advindas dos efeitos colaterais do tratamento medicamentoso e do estilo de vida sedentário, comum nesses pacientes. Porém, ainda são necessários maiores esclarecimentos sobre as repercussões psíquicas desta prática em pessoas com adoecimento mental severo (severe mental illness; SMI) nos serviços de saúde mental. Em função disso, o estudo investigou a inserção de atividade física em saúde mental como auxílio terapêutico para pacientes psiquiátricos com acometimento severo.
Os exercícios considerados no estudo como AF’s foram caminhada e exercício estruturado em grupo ou esporte. Para tanto, se consultou algumas bases de dados: EBSCOHost, PsycInfo, SportDiscus, Medline, PsyArticles. Incluíram-se estudos qualitativos e quantitativos publicados entre 2000 e 2014, e também literatura anterior considerada relevante. Foram selecionados para compor esta revisão 41 artigos, nos quais se encontrou que a AF pode contribuir para a melhora de humor, estado de alerta, concentração, padrões de sono e sintomas psicóticos, alívio de sintomas secundários, baixa autoestima e retraimento social. Além disso, segundo estudos, podem proporcionar redução de tensão e relaxamento; autopercepção de capacidade participativa em atividades prazerosas e de desenvolver habilidades; construção de autoimagem saudável; melhor vinculação com terapeutas e elaboração de conflitos decorrente de sentir conforto no ambiente grupal.
Alguns autores estudaram a percepção dos sujeitos quanto a prática da AF, e verificaram que eles a enxergam como positiva e associada à melhora na saúde mental. Os pacientes identificaram como barreiras para tal engajamento, o impacto do adoecimento e efeitos de medicação, fadiga, ganho de peso por ingestão de medicamentos, medo de discriminação e questões relativas à segurança e falta de suporte profissional.
A partir da discussão realizada, percebeu-se a importância do contexto grupal para favorecimento da prática de AF. Além de que, a literatura considera a AF como uma estratégia em reabilitação psicossocial para pessoas com SMI, pois a intervenção se mostra útil para a promoção da saúde mental e bem-estar. Porém, os autores atentam que ainda há necessidade de estudos na área, por haver limitações nos estudos, ao se restringirem a um âmbito descritivo, carecendo de uma metodologia de pesquisa mais precisa em alguns casos.
Por fim, percebeu-se que a prática da AF pode possuir um cunho terapêutico, possibilitando expressão de emoções, alívio de tensões e até mesmo diminuição de sintomas psicóticos e depressivos, contudo, dependem do objetivo e delineamento traçados. Assim, o profissional de psicologia inserido no âmbito da saúde mental conta com mais essa estratégia de atuação psicoterapêutica, que ainda é subutilizada. Por se tratar de atividades de outra profissão, cabe ao psicólogo se articular com outros profissionais envolvidos no cuidado, para trabalharem de maneira interdisciplinar visando à saúde integral do sujeito.  

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