Esquizofrenia: adesão ao tratamento e crenças sobre o transtorno e terapêutica medicamentosa
Nicolino, P. S., Vedana, K. G. G., Miasso, A. I., Cardoso,
L., & Galera, S. A. F. (2011). Esquizofrenia: adesão ao tratamento e
crenças sobre o transtorno e terapêutica medicamentosa. Revista da
Escola de Enfermagem da USP, 45(3), 708-715.
Resenhado por Sara Andrade
A
esquizofrenia é um transtorno mental grave que acomete cerca de 1% da
população, acarreta diversos problemas de ordem social na vida de seus portadores,
como também familiares, cuidadores, e sociedade em geral. É uma condição
crônica que demanda tratamento medicamentoso a longo prazo, sendo mais
comumente utilizados os antipsicóticos, os quais são capazes de reduzir os
sintomas, aumentar a adaptação psicossocial e melhorar o bem-estar subjetivo
dos portadores da doença.
Apesar da
possibilidade de tratamento através dos medicamentos, o sucesso terapêutico é
prejudicado pela não adesão dos pacientes com esquizofrenia, processo que está
ligado a diversos fatores, dentre os quais se destacam aqueles relativos ao
próprio paciente como por exemplo, suas crenças. Em função disso, o estudo objetivou
verificar a adesão de pessoas com esquizofrenia à terapêutica medicamentosa, identificar
as crenças em relação ao transtorno e tratamento, além de comparar as crenças
de pacientes identificados como aderentes e não aderentes no que se refere à
susceptibilidade e severidade do transtorno e sobre os benefícios e barreiras
ocasionados pelo tratamento.
Participaram
do estudo 14 pacientes de um ambulatório de psiquiatria na cidade de Ribeirão
Preto/SP. Foi realizada entrevista semi-estruturada e aplicou-se o Teste de
Morisky-Green que permite identificar o grau de adesão e discriminar se a eventual
não adesão é devida a comportamento intencional ou não intencional. Os
dados foram analisados com abordagem quali-quantitativa. Os resultados
revelaram que 64,3% dos pacientes não aderiam ao medicamento. Boa parte dos
entrevistados considerou a medicação capaz de reduzir a seriedade e severidade
do transtorno. Mesmo assim, entre pacientes não aderentes, as barreiras no seguimento
da terapêutica foram mais expressivas. Efeitos colaterais foram razão para
descontinuidade do tratamento em 80% dos pacientes não aderentes
intencionalmente. Observou-se conhecimento insuficiente sobre a esquizofrenia e
tratamento medicamentoso. Por fim, a fé foi mencionada pelos pacientes como
estratégia para enfrentamento do processo vivenciado.
Portanto,
o estudo apontou a necessidade de desenvolver de estratégias que favoreçam a
adesão ao tratamento medicamentoso junto a pessoas com esquizofrenia. Parece
necessário que a equipe de saúde esteja eticamente considerando as crenças,
necessidades e valores dos pacientes, o que colabora no processo de aderir ou
não à medicação. O papel da psicologia da saúde pode e deve ser desempenhado
como intervenção nessas condições, já que é a área da saúde busca valorizar a
subjetividade dos pacientes e colaborar com o direcionamento das estratégias, objetivando
que as pessoas portadoras do transtorno se sintam seguras no processo de
adesão.
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