Transtornos mentais maternos graves e risco de malformação congênita do bebê: Uma metanálise


Pereira, P. K., Lima, L. A., Magnanini, M. M. F., Legay, L. F., & Lovisi, G. M. (2011). Transtornos mentais maternos graves e risco de malformação congênita do bebê: Uma metanálise. Cadernos de Saúde Pública27, 2287-2298.

Resenhado por Maria Clara

Entre 1980 e 2000, os defeitos congênitos saíram da quinta para segunda causa de óbitos em menores de um ano. Ademais, as anomalias congênitas interferem na gravidade das intercorrências, morbidade, complicações clínicas entre outros. Embora hajam diversos estudos que conjecturam a associação entre transtornos psiquiátricos maternos graves e defeitos congênitos, os resultados ainda são inconclusivos.
A malformação congênita é mais prevalente em gestantes mais jovens e acima dos 35 anos, que fazem uso abusivo de álcool e/ou outras drogas, além daquelas que não fazem acompanhamento pré-natal adequado e são mais vulneráveis socioeconomicamente. Na população geral, a prevalência gira em torno de 4%. A gravidez e o puerpério configuram-se como o período de maior prevalência de transtornos mentais da vida da mulher, sendo a depressão o mais corrente. Foram avaliados seis estudos extraídos das bases de dados selecionadas, que investigavam a relação entre os transtornos mentais maternos graves com as anomalias congênitas. O transtorno mais explorado foi a esquizofrenia e alguns estudos também avaliaram transtornos afetivos. Todos os estudos encontraram significância estatística para esquizofrenia materna e risco de malformação, e em menor efeito para os transtornos afetivos.
Mães com transtornos mentais graves obtiveram 63% mais chances de suas crianças nascer com malformação congênitas comparado a crianças de mães sem transtorno mental. Este risco se acentua quando o transtorno mental materno em questão é a esquizofrenia. Há muito, a literatura já apresentava informações acerca da associação da prematuridade e baixo peso ao nascer com a presença de alguns transtornos mentais comuns durante a gestação, principalmente a ansiedade e depressão. Os estudos analisados também apontaram alguns mecanismos que engatilhavam a relação entre os transtornos mentais maternos e defeitos congênitos, como efeitos provocados pelo álcool, tabaco, antipsicóticos e outras drogas durante o período gravídico. Ainda haviam aspectos relacionados a vida diária como sedentarismo, maus hábitos em saúde, dieta precária, etc.
Além disso, devido aos próprios sintomas psiquiátricos é possível que as mulheres negligenciem seu estado de saúde, não seguindo as orientações médicas e não realizando adequadamente o pré-natal. Sendo assim, os transtornos mentais maternos graves não afetam somente a saúde da mãe e seu autocuidado, mas podem afetar também negativamente desenvolvimento do feto durante a gestação.  A Psicologia da Saúde auxilia no amparo às portadoras de transtornos mentais graves através de técnicas específicas visando a redução dos seus sintomas, além de promover o aumento da gravidade e suscetibilidade percebida para que as mesmas se engajem em comportamentos de saúde, elevando a adesão terapêutica e empenho na realização do pré-natal.

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