Uma abordagem funcional para os comportamentos delirar e alucinar


Bueno, G. N., & Britto, I. A. G. S. (2011). Uma abordagem funcional para os comportamentos delirar e alucinar. Revista Brasileira de Terapia Cognitiva e Comportamental, 13(3), 4-15.

Resenhado por Renata Elly

A esquizofrenia é concebida como um transtorno psicótico no Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM IV).  A definição topográfica da esquizofrenia envolve um misto de sinais positivos como delírios e alucinações, e negativos como disfunções cognitivas e emocionais, persistindo por um período de 1 a 6 meses e provocando prejuízos sociais e ocupacionais. Os delírios são descritos no DSM IV como crenças errôneas e as alucinações são observadas em qualquer modalidade sensorial. Na esquizofrenia, a característica mais marcante é a desorganização do pensamento. A prevalência do transtorno é estimada em 0,5% e 1,5% entre adultos.
De acordo com a literatura da análise do comportamento, delirar e alucinar são comportamentos operantes, entendidos a partir da interação entre contingências ambientais de reforçamento e punição, históricas e atuais. Na abordagem funcional proposta por Skinner (1981) é adotado o modelo causal de variação e seleção por consequências da evolução biológica na solução de problemas com os quais somos confrontados. Portanto, delirar e alucinar não são considerados atividades mentais, sintomas de estruturas subjacentes ou processos neurológicos hipotéticos, mas comportamentos verbais controlados por consequências verbais e não-verbais que produzem.
Os analistas comportamentais buscam as contingências que são responsáveis pelos comportamentos verbais dos esquizofrênicos e as circunstâncias pelas quais seus comportamentos verbais se inserem, observando esses comportamentos com ênfase na função e conteúdo de suas verbalizações. Esses comportamentos, geralmente, são considerados inapropriados porque não são característicos do contexto. As pesquisas da literatura comportamental têm dirigido seus esforços para traduzir falas inapropriadas das pessoas com esse diagnóstico e, consequentemente, apontar para relações confiáveis para se intervir nos agentes eliciadores, evocadores e mantenedores de classes de respostas verbais.
Um dos casos apresentados no artigo exemplifica o comportamento verbal apresentado por uma paciente de 49 anos. A paciente relatou histórias sucessivas de hospitalização em função de problemas de ordem emocional e físico, relatou também que pessoas a perseguiam por todos os lugares. Por consequência, passou a responder de forma desorganizada sobre cantos de pássaros, veículos em movimentos ou estacionados, viaturas de polícias militar, deixando então de sair de casa. A terapeuta interviu na tentativa de modificar as classes de respostas verbais definidas como inapropriadas, incluindo procedimentos direcionadas para a diminuição desses relatos. No fim, a participante aprendeu que não existia relação funcional entre o que ela imaginava e os fatos que ocorriam em seu ambiente natural. Isso porque, de acordo com análise comportamental, para modificar o comportamento é imprescindível relacioná-los com as condições que os produziram.
Portanto, intervenções com funções de modelar e controlar repertórios devem ser aplicados, como modelagem, modelação, reforçamento positivo, reforçamento diferencial de comportamentos alternativos e extinção, sendo assim, esses comportamentos são desenvolvidos, fortalecidos, mantidos ou extintos pelas suas próprias consequências. Para a psicologia da saúde, estudos como esses são importantes pois o conhecimentos sobre esses comportamentos possibilita o desenvolvimento de estratégias de intervenção e  enfrentamento mais eficazes.

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.