Saúde Mental Infanto-juvenil: A necessidade de Políticas Públicas mais efetivas pelo Estado
Oliveira, S. M., Silva, M. S., & Nogueira, M. C. A.
(2018). Saúde Mental Infanto-juvenil: A necessidade de Políticas Públicas mais
efetivas pelo Estado. Id on Line Revista de Psicologia, 12(41),
748-759.
Resenhado por Mariana Menezes
O sistema de saúde atualmente vigente no
Brasil ainda não atende de forma satisfatória às necessidades de saúde mental
de crianças. A maioria dos estudos, políticas e serviços assistenciais
relacionados à saúde mental são direcionados aos adultos. A saúde mental de
crianças e adolescentes se trata de um problema de saúde pública e seu cuidado deve
ser disponibilizado por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto,
devido à incapacidade do Estado de fornecer saúde pública com integralidade
para a população, essa assistência tem sido prestada por instituições privadas
ou filantrópicas, o que tem gerado situações de desassistência, abandono e
exclusão.
Tudo isso demonstra que, apesar dos
avanços trazidos pela Reforma Psiquiátrica, o Brasil ainda precisa enfrentar
diversos desafios, dentre eles o de desenvolver políticas públicas capazes de
assegurar os direitos fundamentais básicos da população, inclusive os das
crianças. Além disso, é preciso melhorar as diretrizes políticas no sentido de
elaborar e implementar ações assecuratórias da saúde mental infanto-juvenil.
Os transtornos infanto-juvenis possuem
particularidades de risco e proteção, que carecem de estratégias específicas,
não sendo suficiente a adaptação do modelo adulto para tratá-los. Nesse
sentido, há três principais problemas a serem enfrentados: (1) a expansão dos
serviços de saúde, especificamente dos CAPSi e dos ambulatórios de saúde mental
infantil; (2) a gestão territorial, visto que o tratamento de uma enfermidade
mental carece de acompanhamento constante; e (3) possibilidade dos menores
serem atendidos em CAPS e ambulatórios não específicos, se preciso, sendo
necessário que o corpo profissional seja devidamente qualificado para tanto.
Além da aprimoração do setor da saúde,
também é importante investir em estudos, pois a investigação das enfermidades
mentais infanto-juvenis permite o conhecimento e divulgação das características
presentes nas doenças mentais em crianças. O estudo de transtornos mentais
permite, ainda, o reconhecimento das debilidades cerebrais com mais facilidade,
com o escopo de tomar as medidas cabíveis a sua remediação o mais breve
possível. Também se faz necessário o desenvolvimento de estudos para fins de
arrecadar dados e informações culturalmente relevantes, para que seja possível
elaborar políticas de saúde mental especificas direcionadas ao público infantil
que sejam adequadas, principalmente em relação à atenção primária, em razão de
ser etapa fundamental no sistema de saúde.
Por fim, o presente artigo trata de uma
temática relevante no contexto da Psicologia da Saúde tendo em vista que chama
atenção para a necessidade de melhorias por parte do Estado na assistência à
saúde mental infanto-juvenil (principalmente na atenção primária). Além disso,
o artigo incentiva a qualificação dos profissionais para atuarem junto a esse
setor, a realização de estudos para arrecadar informações culturalmente
relevantes que ajudem na criação de políticas públicas voltadas para crianças e
adolescentes e, por fim, a criação de políticas públicas e ações específicas
para o cuidado da população infantil, visando conciliar as particularidades
desse grupo com os princípios estabelecidos pelo SUS.
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