Transtornos mentais na gravidez e condições do recém-nascido: Estudo longitudinal com gestantes assistidas na atenção básica
Costa,
D. O., Souza, F. I. S., Pedroso, G. C., & Strufaldi M. W. L. (2018). Transtornos mentais na gravidez e
condições do recém-nascido: Estudo longitudinal com gestantes assistidas na
atenção básica. Ciência &
Saúde Coletiva, 23(3), 691-696. doi: 10.1590/1413-81232018233.27772015
Resenhado por Luana C. Silva-Santos
Considerados problemas de saúde pública,
os Transtornos Mentais (TM) são responsáveis por um número alto de mortalidade
e incapacidade. Dois dos fatores de risco para desenvolvimento e agravamento de
problemas em saúde mental são a gestação e o puerpério, sobre os quais o
diagnóstico é negligenciado e pesquisas são escassas. Além disso, a
investigação de TM na atenção básica constitui-se ainda um desafio para
profissionais, o que inclui a elaboração de diagnósticos. Assim, Costa, Souza,
Pedroso e Strufaldi (2018), objetivaram verificar a presença e associação entre
diagnósticos prováveis de TM em gestantes da atenção básica e condição dos
recém-nascidos.
Participaram deste estudo 300 gestantes
com faixa etária de 18 a 39 anos, no segundo e terceiro trimestres da gravidez,
assistidas pela atenção básica da região metropolitana de São Paulo entre
fevereiro e agosto de 2014. As participantes responderam um questionário sociodemográfico,
um instrumento para Avaliação de TM na Atenção Primária (construído e validado
pelos próprios pesquisadores) e uma entrevista após o parto sobre informações e
percepção do comportamento do recém-nascido. Das 300 entrevistadas, 26,6% (n
= 76) gestantes classificaram-se como casos de alterações compatíveis com
prováveis transtornos mentais, sendo encontrados sintomas de depressão (16,2%, n
= 46) e ansiedade/pânico (20,4%, n = 58). Os autores verificaram
também que houve associação entre diagnóstico provável de TM e percepção de
alterações do comportamento do recém-nascido, sugerindo que sintomas
psiquiátricos maternos podem influenciar a relação mãe-bebê no puerpério.
Tais achados contribuem ao chamar
atenção para o profissional da atenção básica para possíveis sinais de
alterações psicológicas durante a gravidez e no pós-parto, a fim de realizar um
acolhimento e encaminhamento adequado a cada caso, o que inclui orientação
familiar. Um dos papéis mais relevantes da atenção básica à saúde mental é justamente
antecipar a detecção de casos e, assim, poder atuar precocemente no processo de
adoecimento mental. Nesse sentido, estudos como esse podem promover subsídios
para capacitações eficazes em saúde mental de profissionais que atuem nesse
âmbito da atenção básica. É importante levar em conta também que muitas vezes o
cuidado pré-natal é o único contato que uma mulher em idade reprodutiva tem com
serviços de saúde, o que aumenta sua relevância e a necessidade de um
atendimento eficaz, incluindo detecção precoce de possíveis TM. A psicologia da
saúde auxilia no subsídio a intervenções que fazem parte dos programas de
acolhimento na gestação, além de possibilitar a orientação pós detecção de
possíveis TM.
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