O significado da internação psiquiátrica para pacientes com esquizofrenia
Ipuchima, J. R., Andreotti, E. T., &
Schneider, J. F. (2019). O significado da internação psiquiátrica para
pacientes com esquizofrenia. Enfermagem
em Foco, 10(2), 4-10.
Resenhado
por Geovanna Turri
Atualmente os
serviços de saúde mental contam com diversas redes de assistência psiquiátrica,
a exemplo da rede de atenção à saúde mental, do Centro de Atenção Psicossocial
(CAPS), oficinas terapêuticas, residenciais terapêuticos e leitos psiquiátricos
em hospitais gerais. Esse último é utilizado quando há o esgotamento de
recursos extra hospitalares e quando há necessidade decorrente do quadro
clínico do paciente, principalmente quando há presença de quadros graves, a
exemplo da esquizofrenia. Nesse contexto, os objetivos da internação
psiquiátrica devem ser centrados na estabilização do paciente, com o intuito de
minimizar riscos por meio do levantamento de necessidades psicossociais, ajuste
medicamentoso, assim como da reinserção social do paciente em seu meio.
Entender como os pacientes com transtornos mentais severos, como esquizofrenia,
enxergam a internação psiquiátrica é de fundamental importância, visto
contribuir para um entendimento dos possíveis pontos positivos e negativos do
ambiente.
O objetivo do
presente trabalho foi compreender o significado da internação psiquiátrica para
os pacientes com esquizofrenia. Para isso, realizaram uma pesquisa qualitativa
de natureza fenomenológica pautada no referencial teórico de Maurice
Merleau-Ponty, realizada com 10 pacientes com diagnóstico de esquizofrenia, na
Unidade de Internação psiquiátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre
(HCPA), no período de junho a agosto de 2016, na cidade de Porto Alegre/RS.
Foram realizadas entrevistas semiestruturadas cujas informações foram
submetidas à análise fenomenológica.
Os autores
encontraram seis unidades temáticas. Com as narrativas dos pacientes, viu-se
que a internação psiquiátrica significou: 1. possíveis melhorias na qualidade
de vida; 2. ter um cuidado centrado e individualizado; 3. melhoras no
sofrimento psíquico; 4. a socialização como um disparador de novos aprendizados;
4. segurança para eles e para as pessoas próximas; 5. a possibilidade de
concretizar planos e desejos no futuro; 6. esperança. De forma geral, o indivíduo
com esquizofrenia consegue ter diversas percepções de seu ambiente, entendendo
a internação para além da melhora dos sintomas psiquiátricos, para além do
tratamento, entendendo que pode ser um momento de novos conhecimentos, rumos
novos, planos novos. Utiliza-se de seu corpo como sinalizador de suas mudanças,
entendendo-se como um ser único.
Para os
autores, foi possível compreender de que forma o paciente com esquizofrenia
observa seus avanços ou retrocessos durante o tratamento. Este estudo torna-se
uma ferramenta que possibilita o aprimoramento do processo de atenção ao
paciente com esquizofrenia, fazendo com que os cuidados destinados a ele se
tornem diferenciados e focados em suas necessidades.
Finalmente,
entende-se que este estudo é de grande relevância para a prática clínica de
atenção à saúde pública, dado que alerta os profissionais de saúde para a
necessidade de implementar intervenções direcionadas para as necessidades
individuais e grupais dos pacientes. A psicologia da saúde, neste
cenário, auxilia no entendimento e direcionamento de intervenções que devem
fazer parte dos programas de acolhimento e reinserção social e familiar, tanto na
saúde pública, como na saúde privada.
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