Sintomatologia depressiva e regulação emocional em pacientes com Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa
Menezes, M. S., & Faro, A. (2018). Depressive
symptomatology and emotional regulation in pacients with crohn’s disease and
ulcerative colitis. Psicologia, Saúde & Doenças, 19(3),
743–754. doi: 10.15309/18psd190321
Resenhado por Camila Menezes
A
Doença de Crohn (DC) e a Retocolite Ulcerativa (RCU) são as Doenças
Inflamatórias do Intestino (DII) mais comuns e provocam diarreia,
dor abdominal, febre e sangramento retal durante os períodos de crise. Além das
manifestações físicas, em maior ou menor intensidade, a DC e a RCU provocam
mudanças psicológicas e sociais que interferem negativamente a qualidade de
vida e reduzem os níveis de bem-estar, isto é, contribuem para o entendimento
da ocorrência de sintomas depressivos em pessoas acometidas por tais condições
clínicas. Essas doenças, portanto, exigem que o indivíduo busque desenvolver um
nível favorável de reajustamento psicológico frente a sua enfermidade. O
presente estudo possui o suporte de pesquisas anteriores que discriminam a alta
prevalência de depressão e seus efeitos entre esses pacientes, que parece
exacerbar os sintomas da doença, rebaixar a atividade imunológica, aumentar a
resposta inflamatória e diminuir a adesão ao tratamento. Dessa forma, este
artigo investigou a sintomatologia depressiva e aspectos relativos à regulação
emocional de pessoas que possuem essas duas Doenças Inflamatórias do Intestino,
atendidas no Ambulatório de Coloproctologia do Hospital Universitário da
Universidade Federal de Sergipe.
Foram avaliados 63 pacientes com
Doenças Inflamatórias Intestinais (DC e RCU), de ambos os sexos e idade entre
18 e 70 anos, que aguardavam atendimento no ambulatório de coloproctologia. A
maior parte da amostra foi de mulheres (66,7%) e a média da idade dos
participantes foi de 42 anos. Observou-se que 52,4% receberam o diagnóstico de
rastreamento positivo para sintomatologia depressiva. Outro dado relevante, foi
a relação entre escolaridade e depressão, que exibiu a maior razão de chances
dentre todas as variáveis analisadas, chegando a ser cinco vezes maior a chance
para aqueles com a escolaridade média ou superior. Tal achado contrariou a
literatura consultada, que tende a mostrar que os índices de depressão são mais
elevados em pessoas de baixa escolaridade. Por isso, acredita-se
que a relação entre escolaridade e sintomas depressivos em pessoas com DII deve
ser estudada de modo mais minucioso, uma vez que podem influenciar, por
exemplo, a adesão ao tratamento.
Finalmente,
entende-se que a realização desta investigação acerca das DII no Nordeste
brasileiro é uma importante contribuição, de forma que existe uma deficiência
de estudos sobre DII nessa região do país. Soma-se a isso a avaliação da
relação entre depressão e Regulação Emocional feita por este estudo, pois
parece não haver pesquisas que avaliem essa relação entre pacientes com DII no
cenário acadêmico brasileiro. Trata-se, então, de uma contribuição na área da
Psicologia da Saúde em interface com a Proctologia, voltada a aspectos
psicológicos ainda pouco estudados nas DII, mas que parecem exercer influência
na exacerbação dos sintomas e dos processos inflamatórios.
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