Relações entre Autoestima e Sentido de vida: Estudo com amostragem domiciliar em Aracaju (SE)


Santos, L., & Faro, A. (2015). Relações entre autoestima e sentido de vida: estudo com amostragem domiciliar em Aracaju (SE). Clínica & Cultura 4 (2), 54-69.

Resenhado por Mariana Serrão

A autoestima é considerada a avaliação positiva ou negativa que o indivíduo faz de si mesmo. Caracteriza-se por um processo de valoração que envolve elementos cognitivos (pensamentos) e afetivos (emoções) que resultam em um comportamento (ação). A percepção da autoestima é constituída desde a infância por meio das interações culturais, familiares, posteriormente passa a receber influência dos pares e do contexto social, experiências grupais bem como individuais tendem a variar os níveis de autoestima.
Atualmente, busca-se entender como a autovaloração auxilia na capacidade do indivíduo diante das adversidades. Estudos apontam que a autoestima é um aspecto importante na manutenção da saúde. Em contextos de alteração do status adaptativo (em direção ao bem ou mal-estar), a autoestima então sofreria o impacto dessas experiências, funcionando tanto como moderador do ajustamento (aumentando ou reduzindo o impacto do estressor), quanto sendo afetada pelo desfecho do enfrentamento (modificação da relação self-percebido e ideal).
Além da autoestima, o sentido de vida pode ser outro fator importante na capacidade de adaptação do sujeito. O sentido de vida é o desejo de encontrar um sentido para vida que, por sua vez, geraria um impulso de responsabilidade para o indivíduo em relação sua própria vida. Esse construto está associado à qualidade de vida e saúde física, em baixos níveis o sentido de vida se relaciona com graus mais elevados de ansiedade e depressão. Um sentido de vida bem definido otimiza a visão da pessoa acerca da situação em que se encontra, mesmo que esta seja negativa. Assim como a autoestima, o sentido de vida pode ser um fator protetivo em momentos de adversidades. O presente estudo teve como objetivo: 1. Conhecer a distribuição social da autoestima e do sentido de vida em uma amostra representativa da população, domiciliar e de adultos; 2. Analisar as relações entre esses construtos e variáveis componentes do perfil sociodemográfico e clínico dos participantes, e 3. Identificar as principais variáveis associadas à autoestima e ao sentido de vida na amostra pesquisada.
A amostra desse estudo foi composta por 646 indivíduos adultos entre 18 e 65 anos, residentes de 15 bairros na cidade de Aracaju (SE). Foram utilizadas a Escala de Autoestima de Rosenberg, o Teste de Propósito de Vida e um questionário sociodemográfico e clínico para coleta de dados. No que diz respeito às análises de dados, primeiro foi realizada uma análise descritiva, em seguida uma regressão linear com as variáveis sentido de vida e autoestima. Em relação às variáveis sociodemográficas e clínicas foram realizados os testes de correlação de Pearson e comparação de médias (t de Student e ANOVA).
Observou-se significância estatística entre autoestima e as variáveis: sentido de vida, religiosidade, qualidade de vida e manter relacionamento afetivo estável. Enquanto para sentido de vida, além da autoestima, mais cinco variáveis apresentaram significância estatística: religiosidade, qualidade de vida, manter relacionamento afetivo estável, professar uma religião e ter ocupação.
Para o psicólogo da saúde, conhecer as variáveis que interferem na capacidade adaptativa do indivíduo é fundamental para trabalhar as estratégias de enfrentamento do sujeito diante as adversidades. Entender que a autoestima afeta a forma de resposta em situações estressoras é uma maneira de saber onde intervir em momentos que essas situações aparecem, por exemplo.

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