Transtorno bipolar em crianças e adolescentes: Critérios para diagnóstico e revisão de intervenções psicossociais
Moraes,
R. G. A., Gon, M. C. C., & Zazula, R. (2016). Transtorno bipolar em
crianças e adolescentes: Critérios para diagnóstico e revisão de intervenções
psicossociais. Psico, 47(1), 78-87. doi:
10.15448/1980-8623.2016.1.19994
Resenhado por Luanna Silva
O transtorno
bipolar (TB) é caracterizado por episódios de humor bifásico de mania e
depressão, é crônico, recorrente e associado a severo comprometimento da
funcionalidade do individuo. Globalmente, mais de 1% da população adulta é
afetada por este transtorno. Ainda que não haja dados conclusivos sobre a
prevalência do TB em crianças e adolescentes, é crescente a quantidade de
pesquisas que apresentam a prevalência deste quadro em pessoas com idade
inferior aos 20 anos.
Os principais
sintomas de TB em crianças e adolescentes incluem dificuldades de seguir
regras, irritabilidade, agressividade, humor misto, desesperança e baixo
repertório de coping. Além disso, a
ocorrência de eventos negativos e estresse crônico parece ser uma importante
contingência presente na vida destes indivíduos. Diferentemente do que
usualmente ocorre com pacientes adultos, crianças e adolescentes tendem a
apresentar ciclagem mais rápida e alterações bruscas diárias de humor, sendo
importante observar os comportamentos esperados de acordo com a fase de
desenvolvimento. O diagnóstico nesta população é complexo, sendo necessário atentar
para os sintomas apresentados, bem como investigar detalhadamente a evolução
clínica da doença e o histórico familiar.
A
coocorrência de outros quadros patológicos é frequente em pacientes
diagnosticados com TB. Transtorno de déficit de atenção, comportamento
opositor, transtornos de ansiedade, distúrbios alimentares e abuso de
substâncias estão entre as comorbidades observadas em crianças e adolescentes
que apresentam este transtorno. As altas taxas de comorbidade podem ser fator
confundidor no processo de avaliação diagnóstica, sendo, portanto, importante
estar atento a esta condição.
A escolha dos
medicamentos utilizados no tratamento farmacológico de crianças e adolescentes
se assemelha ao de adultos. Observa-se que seu uso é associado ao controle de
sintomas, prevenção de recaídas e estabilização de humor. Quanto ao tratamento
não farmacoterápico, as intervenções psicossociais apresentam resultados
positivos. Diferentes estratégias são utilizadas, destacando-se a Terapia dialética
comportamental para adolescentes, a Terapia cognitivo-comportamental focada na
criança e adolescente, a Terapia periódica interpessoal e social, entre outras.
Estudos têm demostrando a eficácia destas intervenções, incluindo a redução
significativa nos sintomas de TB, melhora no relacionamento familiar, melhorias
no rendimento escolar e mudança no comportamento dos pais frente ao diagnóstico
dos filhos. A comunicação e a informação são componentes essenciais nesse
processo.
Enfim, ainda é
pequena a quantidade de pesquisas sobre TB em crianças e adolescentes. A Psicologia da Saúde pode contribuir com a continuidade de
pesquisas desenvolvidas nessa área para que se possa conhecer mais sobre esse
quadro patológico, elaborar intervenções eficazes e auxiliar pacientes e suas
famílias a conviverem melhor com a doença.
Nenhum comentário: