Sintomas depressivos no câncer de mama: Inventário de Depressão de Beck – Short Form


Barra, A. A., Cangussu, R. O., Nicolato, R., & Soares, T. B. C. (2010). Sintomas depressivos no câncer de mama: Inventário de Depressão de Beck – Short Form. Jornal Brasileiro de Psiquiatria. 59(2), 106-110. doi:10.1590/S0047-20852010000200005

Resenhado por Uquênia Lemos Brito

O câncer de mama ainda se apresenta como uma grande preocupação mundial por causa de sua alta incidência e mortalidade. Entretanto, devido à possibilidade de diagnósticos mais precoces e a evolução dos métodos de tratamento, tem se observado que a sobrevida dessas mulheres vem aumentando. Por este motivo, torna-se necessária uma visão mais global para esse grupo específico, pois fatores físicos e emocionais, principalmente a depressão, quando relacionados ao câncer, costumam influenciar na qualidade dessa sobrevivência. Sendo assim, o presente artigo objetivou investigar a prevalência de sintomas depressivos e fatores de riscos associados a estes sintomas em mulheres com câncer de mama.
Trata-se de um estudo transversal com 71 mulheres com câncer de mama, as quais eram atendidas no Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (IPSEMG). Os critérios de inclusão eram que as pacientes tivessem mais de seis meses de diagnóstico e que não apresentassem nenhum transtorno mental ou cognitivo grave. As entrevistas ocorreram de outubro de 2008 a agosto de 2009. Os instrumentos utilizados foram o Inventário de Depressão de Beck – Short Form, mais precisamente a subescala cognitiva chamada de BDI-SF, e um questionário com dados sociodemográficos, clínicos e hábitos de vida. As análises foram feitas por meio do programa estatístico SPSS. Os fatores de risco associados aos sintomas depressivos foram avaliados pelo teste qui-quadrado, considerando resultados significativos um valor p < 0,05.
As entrevistadas tinham em média idade de 60,7 (DP = 8,6), em sua maioria casadas (60,6%), possuíam o ensino médio (46,4%) e estavam na classe econômica B (57,7%). Entre as mulheres do estudo, a maior parte delas (45,1%) foi submetida a tratamento quimioterápico. A prevalência de sintomas depressivos das mulheres que participaram da pesquisa foi de 21 casos (29,6%), o escore médio foi de 3,8 pontos e o escore máximo de 18. De acordo com a análise realizada observou-se também que ter se submetido a tratamento quimioterápico (p = 0,021), a presença de dor (p = 0,018) e a limitação de movimento no membro superior (p = 0,010) foram associados com sintomas depressivos. Àquelas que tiveram uma pior percepção da saúde também apresentou um maior risco de sintomas depressivos (p = 0,018).
Por fim, percebe-se a partir dos resultados que são necessárias ações investigativas voltadas tanto nos aspectos físicos como nos aspectos psíquicos, mesmo após anos do diagnóstico, pois a partir da análise desses pode se propor a intervenção adequada para aquelas que precisam. Portanto, cabe aos profissionais da Psicologia da Saúde estarem atentos quanto à saúde mental das mulheres acometidas pelo câncer de mama, promovendo pesquisas, estratégias de suporte e prevenção quando necessário, com objetivo de proporcionar qualidade de vida a essas mulheres.

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