O papel do psicoterapeuta diante do comportamento suicida


Fukumitsu, K.O. (2014). O papel do psicoterapeuta diante do comportamento suicida. Psicologia USP, 25(3), 270-275. doi: 101590/0103-6564D20140001

Resenhado por Catiele Reis

            Nos últimos anos o número de suicídios tem crescido exponencialmente, porém, a literatura sobre o suicídio não oferece, necessariamente, um instrumental técnico sobre como o psicoterapeuta pode lidar com um paciente nesta situação. É necessário que o psicólogo possa desenvolver um olhar atento sobre os fatores de risco e aspectos relacionados à morte e ao desespero humano para assim poder traçar ações tanto de promoção quanto de cuidado com o suicida. Assim, o objetivo do referido artigo é oferecer ao psicoterapeuta possibilidades de atuação perante o paciente em crise, tanto a nível preventivo, quanto após a tentativa do suicídio. Para isso, foi realizado um estudo bibliográfico de pesquisas realizados no Brasil e nos Estados Unidos sobre o tema, além de narrar um pouco sobre a experiência do autor, que tem 20 anos em atendimentos a pacientes em crise suicida.
            No texto se enfatiza que é necessário explorar os pensamentos e sentimentos para que os pacientes consigam expressar sua angustiante diante da ideação suicida. Assim, o autor elenca três fases a serem seguidas pelos psicoterapeutas e psicólogos da saúde, nos casos de crise suicidas, a saber: 1) Perguntar e explorar; 2) Compreender, confirmar e acolher e 3) Encaminhar e acompanhar.
            A primeira fase tem como o objetivo compreender o problema e de que forma o suicídio resolveria este problema, levantando os fatores de risco. Deve-se considerar nesta fase a exploração da intenção e do plano suicida, examinando-se os motivos pelos quais o individuo pode vir a se matar e como  planeja fazer tal ação. A segunda fase tem como o objetivo compreender os sentimentos e pensamentos envolvidos ao suicídio, acolhendo os sentimentos de angústia e solidão do paciente. Assim, estima-se que seja investigado, também, o que, na concepção do paciente, o mantém vivo, suas esperanças e motivações, que são coisas a serem usadas como fatores de proteção. Por fim, a terceira fase busca envolver familiares e amigos no intento suicida, encaminhando para acompanhamento psiquiátrico ou até mesmo a internação. Recomenda-se, nesta fase, que o psicoterapeuta se coloque à disposição no momento de crise e que seja pedido ao paciente o número de contato de duas pessoas de sua confiança para que se possa entrar em contato em caso de emergência.
            Em suma, o autor coloca que o ato de se matar seja visto como um caso de saúde púbica diante da quantidade de pessoas com pensamentos suicidas, assim é necessário haver mais estudos e ações nos três níveis de saúde. Para além disso, é preciso enxergar a pessoa suicida como alguém único e que os pensamentos e compreensão acerca do suicídio pertencem ao domínio privado e não ao aspecto coletivo do ser.





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