Políticas públicas de saúde mental para crianças e adolescentes: A atuação do psicólogo
Soares, F. C., Silva, R., & Chaves, R. O. S. (2018).
Políticas públicas de saúde mental para crianças e adolescentes: a atuação do psicólogo. SANARE-Revista
de Políticas Públicas, 17(2).
Resenhado por
Gabriela de Queiroz
No Brasil, as políticas de saúde mental voltadas à crianças e
adolescentes começaram a ser desenvolvidas no início do século XXI. Antes disso
não existiam redes de cuidado voltadas a esta parcela da população. As ações
eram promovidas pelas áreas de educação e serviço social, centradas na correção
e reparação, e não nas necessidades biopsicossociais do público infanto-juvenil.
Desse modo, indivíduos que apresentavam problemas mentais viviam sob domínio do
Estado, cuja política de proteção social implicava na institucionalização.
O modelo de assistência asilar perdurou no Brasil por muitos
anos. Tratava-se de um modelo que demonstrava um claro desinteresse na
reinserção social da população infanto-juvenil, priorizando o controle da ordem
pública e desvinculada da visão das crianças e adolescentes como sujeitos de
direito, portadores de sentimentos e necessidades. Diante disso, em 1990 foi
promulgado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), contemplando o que há
de mais avançado dentre as normas internacionais relacionadas aos direitos deste
público.
Considerando o contexto histórico da assistência em saúde
mental para a população infanto-juvenil no Brasil, o presente estudo analisa o
processo
de desenvolvimento das políticas públicas de saúde mental voltadas a este
público, bem como o papel assumido pelo psicólogo nesse contexto. Para tanto,
realizou-se uma revisão crítica da literatura nacional sobre saúde mental, que
objetivou levantar a produção científica pertinente, articulando os
conhecimentos proporcionados por pesquisadores que analisaram a saúde mental no
país, investigando os diversos aspectos
da construção e reconstrução de políticas públicas de saúde mental voltadas à
crianças e adolescentes, relacionando-os à atuação do psicólogo.
Com
base nessa revisão, constatou-se que, no Brasil, as políticas públicas de saúde
mental voltadas à população infanto-juvenil, apesar de apresentarem progressos
nos últimos anos, ainda demonstram fragilidades e desafios a serem superados
tanto no âmbito da atenção individual, como também coletiva. Foi visto que é
direcionada a um público que demanda constante atualização e criação de estratégias específicas de atuação, para que
assim se valorize a multidisciplinaridade, para melhor atender indivíduos nesta
fase do desenvolvimento.
Quanto
às limitações observadas, destaca-se a pequena quantidade de estudos focados na
atuação do psicólogo no âmbito das políticas de saúde mental para crianças e
adolescentes, enfatizando a necessidade de novas pesquisas que investiguem não
só a estruturação de tais políticas, mas a relação entre o aporte teórico e a
prática profissional do psicólogo. Deste modo, entende-se que seria necessário
aprimorar o entendimento sobre a evolução dos cuidados à saúde mental de
crianças e adolescentes, contribuindo para a oferta de uma atenção integral e
humanizada. Respaldadas pelos princípios do SUS e de acordo com a perspectiva
da Psicologia da Saúde, tais ações podem repercutir positivamente na qualidade
de vida da população atendida.
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