Relações entre estratégias de coping e adaptabilidade acadêmica em estudantes universitários
Luca,
L., Noronha, A. P. P., & Queluz, F. N. F. R. (2018). Relações entre
estratégias de coping e adaptabilidade acadêmica em estudantes universitários. Revista Brasileira de Orientação
Profissional, 19(2), 169-176. doi: 1026707/1984-7270/2019v19n2p169
Resenhado por Amanda Feitosa
O ingresso no ensino superior acarreta
uma série de mudanças importantes na vida dos indivíduos, tais como a alteração
de sua rotina e o contato com novas pessoas. Por ser um período de
transformação em termos de saúde mental, é importante que o universitário lide
com esses novos desafios de forma
satisfatória, sendo o coping uma
ferramenta útil no processo de adaptação do indivíduo. De acordo com Lazarus e
Folkman, o coping é conceituado como
um conjunto de esforços cognitivos e comportamentais utilizados pelas pessoas
para se adaptarem a circunstâncias avaliadas como adversas ou estressantes, os
quais podem contribuir para o bem-estar físico e psicológico do indivíduo. A
boa adaptabilidade do estudante é refletida, por exemplo, em seu envolvimento
em atividades extracurriculares, melhor desempenho no contexto
acadêmico e sua própria vivência saudável no ensino superior.
Considerando os benefícios que as
estratégias de coping trazem para o
indivíduo, o artigo quis investigar se estudantes com mais estratégias de
enfrentamento possuem uma maior adaptabilidade no contexto acadêmico. A amostra
foi composta por 927 estudantes universitários, sendo 60,6% mulheres com idade
média de 26,04 anos (DP = 7,66) de
duas instituições de ensino superior. Os instrumentos utilizados foram o
Inventário de Estratégias de Coping
(IEC) de Lazarus e Folkman e o Questionário de Adaptação ao Ensino Superior
(QAES) composto por cinco dimensões: Projeto de Carreira, Adaptação Social,
Adaptação Pessoal-Emocional, Adaptação ao Estudo e Adaptação Institucional.
Os resultados mostraram como a maioria
dos construtos do IEC e do QAES encontraram uma correlação positiva significativa.
O fator Afastamento e Aceitação do IEC foi o único que não encontrou correlação
com a maioria dos fatores do QAES. Por esse fator ser um tipo de coping com foco na emoção, ele funciona
como forma de regulação emocional e é visto como menos eficaz do que o coping com foco no problema. Pelos dados
encontrados, é confirmada a hipótese de que a adaptabilidade acadêmica dos
estudantes está correlacionada positivamente com o repertório abrangente de
estratégias de coping que eles
utilizam.
Para a Psicologia da Saúde, o coping é um conceito chave. Pela sua
importância no processo de ajustamento dos indivíduos em situações adversas ou
estressantes, ele possui um papel fundamental na promoção da saúde das pessoas.
O estudo de estratégias de enfrentamento no contexto acadêmico é benéfico para
o entendimento do processo de adaptação de universitários e no planejamento de
futuras intervenções. Assim, mostram-se válidas mais pesquisas sobre esse
assunto – particularmente pela Psicologia da Saúde e pela Escolar –, que
priorizem a descoberta de fatores que interferem no ajustamento do indivíduo no
ambiente acadêmico e das estratégias de enfrentamento mais eficazes nesse
contexto específico.
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