Problemas dos cuidadores de doentes com esquizofrenia: A sobrecarga familiar/ Problems of caregivers of patients with schizophrenia: The family burden
Alves, J. F. M.,
Almeida, A. L., Mata, M. A. P., & Pimentel, M. H. (2018). Problemas dos
cuidadores de doentes com esquizofrenia: A sobrecarga familiar. Revista
Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, (19), 8-16. doi.org/10.19131/rpesm.0197
Resenhado
por Millena Bahiano
A esquizofrenia
é uma perturbação mental grave que apresenta curso e
prognóstico que variam ao longo do tratamento. Os sintomas incluem disfunções
cognitivas, emocionais e comportamentais que alteram a percepção, a linguagem,
a comunicação, o afeto, o pensamento e o discurso do indivíduo. Com o processo de
desinstitucionalização dos pacientes psiquiátricos, a família passa a ter um
papel fundamental na rede de atenção e assistência em saúde mental dessas
pessoas. Quanto ao processo de cuidar do outro, a literatura já vem indicando
que os familiares/cuidadores também necessitam de suporte e atenção em saúde
mental, devido à sobrecarga inerente aos cuidados prestados ao paciente com
adoecimento mental.
O
presente estudo foi realizado com 35 familiares de pessoas com diagnóstico de
esquizofrenia e que estavam sendo tratadas pelo Departamento
de Psiquiatria e Saúde Mental de um hospital da Zona Centro de Portugal. O objetivo foi avaliar os problemas dos familiares/cuidadores de pessoas com esquizofrenia bem como, a sua relação com as variáveis de caracterização sociodemográfica e tempo de contato com o paciente. Utilizou-se o Questionário de
Problemas Familiares (FPQ) que é um instrumento de autopreenchimento formado
por 29 itens avaliados de 1 a 4, em escala tipo Likert e composto por cinco subescalas:
sobrecarga objetiva, sobrecarga subjetiva, ajuda recebida de profissionais e/ou
rede social, atitudes positivas e criticismo.
Dentre os resultados, viu-se que a amostra foi
constituída por pessoas do sexo feminino (54,3%) e os participantes possuíam
entre 17 e 77 anos. No que concerne ao tempo de contato do familiar com o
paciente e a doença, 57,1% afirmaram ter contato há mais de 10 anos. Na escala
sobrecarga objetiva foram observados problemas com o sono, negligência com
outros familiares e dificuldades para ter períodos de lazer. Na sobrecarga
subjetiva, os participantes apresentaram desapontamento pela evolução do quadro
clínico do indivíduo e preocupação com o futuro dos familiares. Quanto as
atitudes positivas, o item mais pontuado foi relativo ao elogio das qualidades
do paciente e no criticismo, observou-se que apesar da sobrecarga identificada na
família, os familiares não pretendiam deixar de cuidar do paciente. Já sobre o
apoio recebido pelos familiares foi observado que na comunidade em geral, ainda,
existe uma carência de dispositivos sociais e em saúde para apoiar essas
famílias.
Em suma, diante do diagnóstico positivo para qualquer
tipo de transtorno mental severo e persistente, faz-se importante que psicólogos
e profissionais de saúde se atentem, cada vez mais às sobrecargas que podem ser
ocasionadas aos cuidadores/familiares de pacientes psiquiátricos. Nesse
sentido, a Psicologia da Saúde também pode ser contributiva na elaboração de
ações e estratégias em saúde que envolvam à minoração de prejuízos psicológicos
à saúde mental dos cuidadores.
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