COVID-19: tomada de decisões e cuidados paliativo


COVID-19: decision making and palliative care

Postado por Giulia

Devido ao quadro geral de medo e incerteza causado pela pandemia do novo coronavírus, algumas medidas e decisões importantes precisam ser tomadas para amenizar o sofrimento do paciente acometido pelo vírus e sua família. Tais medidas são implementadas na tentativa de evitar a sobrecarga das unidades de saúde e seus escassos recursos, o que agravaria a necessidade de racionamento. Nesse cenário, surge o Planejamento de Cuidado Antecipado (ACP), uma técnica cujo objetivo principal é evitar hospitalizações indesejadas e tratamentos intensivos que comprometeriam as unidades de saúde desnecessariamente.                                                      
O ACP consiste em um documento de emergência elaborado a partir das preferências dos pacientes para cuidados futuros. Esse documento orienta as decisões de saúde no final da vida e otimiza o atendimento ao paciente. Em casos de infecção pelo novo coronavírus, pacientes com capacidade de tomada de decisão devem ser informados do risco que sofrem e questionados sobre suas vontades, que serão documentadas.                                  
É importante também que o paciente e a família sejam informados que as preferências por hospitalização somente serão seguidas se houver uma indicação médica, especialmente, em situações de racionamento de recursos. Nesses casos, algumas das opções clínicas são: (a) continuar recebendo o tratamento habitual se tiver um curso benigno da doença ou; (b) caso tenham um curso maligno, esperar pela indicação médica para hospitalização, com objetivo de curar a doença. Se a decisão médica for oferecer cuidados paliativos, então deverá ser decidido qual o ambiente mais capacitado para oferecer tratamento de qualidade, de acordo com o grau de severidade da saúde do paciente. A decisão final sempre será do paciente. A pandemia, em seu pico, pode provocar o colapso dos sistemas de saúde, tendo como consequência, especialmente, a indisponibilidade de leitos de UTI. Sem a existência de um tratamento efetivo, decisões de triagem deverão ser tomadas levando em conta o acesso aos hospitais e UTIs. Portanto, para maximizar o número de vidas salvas, as decisões devem fornecer mais possibilidades àqueles com maiores chances de se beneficiar do cuidado intensivo. Para tanto, diretrizes estão sendo desenvolvidas a fim de definir como os cuidados paliativos podem contribuir para o melhor atendimento ao paciente em contextos de triagem. Isso se deve ao fato de que pacientes acompanhados por uma equipe de cuidados paliativos, de modo geral, não são aceitos em unidades de tratamento intensivo em casos de infecção pelo COVID-19.
            Portanto, as decisões de triagem devem ser feitas levando em consideração não só as preferências do paciente, mas também a disponibilidade geral de recursos para atendê-lo, para tanto devem ser beneficiados aqueles pacientes que possuem melhores prospectivas de melhora, e cuidados paliativos de qualidade devem ser fornecidos aos doentes. Nesse quadro a psicologia da saúde pode exercer um papel fundamental, pois ampara pacientes e suas famílias no intuito de diminuir seu sofrimento e facilitar o enfrentamento da doença. Além disso, é importante proporcionar atendimento psicológico aos profissionais da saúde que compõem a linha de frente no combate à pandemia, diminuindo seu estresse e angústia diários.

Fonte: https://smw.ch/article/doi/smw.2020.20233

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